Redes sociais perdem força no eleitorado
Um crime politico: O assassinato de Marielle não foi um evento isolado, mas sim um ataque direto aos valores que ela representava e às causas pelas quais batalhava
No dia 4 de Março de 2018, ocorreu um crime político que resultou na morte brutal da vereadora Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e de seu motorista, Anderson Gomes, no centro do Rio de Janeiro, vítimas de tiros covardes. Um crime político é aquele que se caracteriza pela motivação política por trás do ato, visando silenciar, intimidar ou neutralizar indivíduos que representam uma ameaça aos interesses de grupos ou governos.
Marielle Franco não era apenas uma figura política; ela representava a coragem, dedicação e determinação na luta por um mundo mais justo e igualitário. Criada na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle destacou-se como uma voz influente na defesa dos direitos humanos, especialmente dos grupos marginalizados. Como socióloga, feminista e política, empenhou-se na luta contra a violência policial e na promoção dos direitos das mulheres, dos negros e dos residentes de favelas.
Seis anos após sua morte, ainda estamos sem respostas sobre a motivação por trás do crime que tirou sua vida. É uma triste realidade onde a busca pela justiça parece não ser prioridade quando se trata de lidar com pessoas de poder e influência. Quem ordenou o assassinato de Marielle Franco? Esta tem sido a pergunta que nos assombra ao longo desses anos.
Em 12 de março de 2019, às vésperas de completar um ano de assassinato, ocorreu a prisão dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, responsáveis pelo assassinado de Marielle e Anderson. Contudo, mesmo após essa prisão, a questão de quem tentou o crime permanece sem resposta. Naquela época, o general Richard Nunes afirmou que Marielle foi morta pelos milicianos que “possivelmente” a consideravam uma ameaça para seus negócios de grilagem de terras na Zona Oeste do Rio. Para uma população engajada na defesa do caso essas explicações não foram suficientes para “esquecer” o caso. Seis anos após o assassinato, ainda nos encontramos sem uma solução concreta para do assassinato.
E foi no 24/03/2024, seis anos e dez dias depois, que finalmente chegamos “mais perto” de uma resposta: Três indivíduos foram presos sob suspeita de envolvimento na tentativa de mandar matar a vereadora do Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia divulgam o mandato de prisão para os acusados, sendo eles: o deputado federal Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Esse dia marca um avanço na apuração do caso, mas não representa o fim da busca por justiça.
É irônico notar que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, figura que deveria zelar pela aplicação da lei, foi citado como uma das figuras que dificultou o andamento do caso, reforçando a impressão de que a justiça é negligenciada quando se trata de indivíduos poderosos e influentes.
Marielle não apenas discursava sobre mudança, mas também agia. Era uma defensora incansável da justiça e da dignidade para todos, inspirando milhares de pessoas no Brasil e ao redor do mundo. Sua trágica morte deixou um vazio imenso na vida de muitas pessoas. O impacto desse ato de violência não se limitou às fronteiras do Brasil; refletiu internacionalmente, destacando a brutalidade do crime e o alcance global das causas defendidas por Marielle.
Dentro da Câmara Municipal do Rio, sua voz ecoava, abordando denúncias de abusos policiais, defendendo os direitos LGBTQIA+ e buscando soluções para os problemas enfrentados pelas comunidades mais vulneráveis da cidade. No caso específico de Marielle Franco, seu assassinato é considerado um crime político devido à sua atuação como vereadora e defensora dos direitos humanos. Marielle representava uma voz incômoda para muitos grupos políticos e interesses poderosos, devido à sua luta contra a violência policial, à defesa das comunidades marginalizadas e à sua oposição à corrupção.
Será que vivemos em um jogo onde a honestidade e a vontade de resolver os problemas da sociedade são consideradas fraquezas, enquanto a dissimulação e a falta de escrúpulos são valorizadas como virtudes? É notório que houve negligência da justiça em apurar o caso do assassinato, ainda mais após descobrirmos o envolvimento do ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, como um dos possíveis mandantes do crime, o que ressalta ainda mais como o cenário político e judicial está minado.
Após seis anos, foi dado um passo importante com a descoberta dos mandantes, mas ainda há uma busca contínua pela motivação concreta por trás do assassinato de Marielle e Anderson. A sociedade anseia por respostas que vão além das prisões, procurando entender os motivos precisos que levaram a esse ato de violência brutal.
O assassinato de Marielle não foi um evento isolado, mas sim um ataque direto aos valores que ela representava e às causas pelas quais batalhava. A maneira calculada como ela foi morta, em uma emboscada premeditada, revela uma tentativa clara de silenciar uma voz que desafiava as estruturas de poder estabelecidas.
A persistência da população por transparência e justiça serve como um lembrete de que a verdade ainda não foi completamente revelada. Até que a motivação por trás desse crime hediondo seja completamente esclarecida, a luta por justiça continuará a ser uma prioridade para todos aqueles que foram impactados por essa tragédia. Precisamos de uma sociedade vigilante e engajada na defesa dos valores democráticos e da justiça para todos. Pois foi apenas através da persistente luta ao longo desses seis anos que a causa não foi esquecida; a voz da comunidade tem força e precisa ser usada.
Redação: Luísa Brito
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