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UCPel conduz estudo inédito sobre fragilidade e cognição em idosos de Pelotas

UCPel conduz estudo inédito sobre fragilidade e cognição em idosos de Pelotas

Envelhecer com saúde é um desafio que exige atenção a aspectos físicos, emocionais, sociais e nutricionais. Em Pelotas, uma pesquisa inovadora busca mapear as diferentes faces da fragilidade na velhice e sua relação com a autonomia e a qualidade de vida da população idosa. O projeto quer entender como fatores como alimentação, cognição e indicadores biológicos impactam o bem-estar de quem tem 60 anos ou mais.

A iniciativa é do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e foi detalhada pela professora Maria Rodrigues durante entrevista ao programa Contraponto da RádioCom. A docente do curso de Medicina destacou o objetivo de envolver pelo menos mil idosos residentes na cidade, promovendo um diagnóstico preciso do envelhecimento na região e contribuindo para políticas públicas mais eficazes.

Mapeando riscos para fortalecer a autonomia

Segundo Maria Rodrigues, a pesquisa nasce de uma necessidade local: compreender como a população idosa de Pelotas envelhece e quais riscos estão mais presentes em seu cotidiano. "Temos mais de 20% da população com 60 anos ou mais. Precisamos garantir ambientes que favoreçam um envelhecimento digno e autônomo", afirmou.

O estudo propõe uma abordagem multiprofissional e integrada, incluindo avaliações físicas, testes neurocognitivos e análise de biomarcadores presentes no sangue. O objetivo é claro: antecipar problemas e promover a saúde. "Queremos fortalecer a independência dos idosos e auxiliar na formulação de políticas públicas mais eficazes", disse a professora.

Além do foco local, a pesquisa está alinhada com a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçando o compromisso da UCPel com os objetivos globais de cuidado com a população idosa.

Quem pode participar e como funciona

A expectativa é de que mil idosos participem da pesquisa, incluindo tanto pessoas que vivem em domicílios quanto aquelas residentes em instituições de longa permanência. Todos devem ter 60 anos ou mais e residir em Pelotas. Para isso, a equipe da UCPel está visitando instituições e distribuindo materiais informativos em diferentes bairros da cidade.

As avaliações são compostas por três etapas: uma entrevista sobre hábitos e percepções do idoso, testes físicos simples como força muscular e velocidade de marcha, e a coleta de sangue para análise de biomarcadores de saúde. "A ideia é fazer tudo em uma manhã ou tarde, de acordo com a preferência do participante, inclusive podendo ser na casa da pessoa", explicou Maria.

A participação exige consentimento e, no caso de idosos com menor autonomia, a presença de um acompanhante. Estão excluídas apenas pessoas acamadas, por limitações nos testes físicos, e aqueles sem condições cognitivas mínimas para responder aos instrumentos utilizados.

Impacto na rede de saúde e devolutivas à comunidade

Os resultados do estudo serão fundamentais para qualificar o atendimento à pessoa idosa em Pelotas. "Vamos poder identificar regiões com maior concentração de idosos frágeis, mapear fatores de risco e orientar intervenções específicas", ressaltou a entrevistada.

A UCPel trabalha em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e outras instituições públicas para garantir que os achados da pesquisa contribuam diretamente com ações no Sistema Único de Saúde (SUS), como programas de reabilitação, acompanhamento domiciliar e capacitação de cuidadores.

Além disso, os idosos participantes receberão, individualmente, um retorno sobre seus resultados com orientações personalizadas. As instituições também receberão relatórios consolidados, e eventos serão organizados para divulgar os dados à comunidade e gestores públicos.

Qualidade das instituições de longa permanência

Durante a entrevista, a professora Maria também comentou sobre a importância da fiscalização e da escolha consciente de instituições de longa permanência. "É fundamental observar desde a estrutura física até a qualificação das equipes", alertou.

Ela destacou aspectos como segurança, higiene, alimentação adequada, acessibilidade e documentação regularizada como critérios essenciais. "As famílias devem verificar se a instituição tem registro na vigilância sanitária e se conta com profissionais qualificados, de cuidadores a nutricionistas e médicos", completou.

Segundo a professora, Pelotas conta com mais de 50 Instituições de Longa Permanência para Idosos, a maioria privadas, e é reconhecida como Cidade Amiga do Idoso pela Organização Panamericana da Saúde. Mesmo com avanços, ainda há desafios na articulação dos serviços e no apoio aos cuidadores e familiares.

Divulgação dos resultados e retorno à sociedade

A previsão é que os dados consolidados da pesquisa sejam divulgados entre o final de 2026 e o início de 2027. No entanto, cada participante receberá seus resultados individuais cerca de dois a três meses após a participação, com explicações detalhadas.

A pesquisa também prevê ações diretas de promoção à saúde e bem-estar para os idosos envolvidos. "Queremos que a comunidade sinta que a pesquisa traz retorno real, seja em forma de orientação, seja por meio de atividades educativas e de lazer", reforçou Maria Rodrigues.


Serviço

Pesquisa "Comprometimento cognitivo em idosos com distintos graus de fragilidade"

Descrição: Avaliação de fragilidade física, cognição e biomarcadores em idosos de 60 anos ou mais residentes em Pelotas

Coleta de dados de 2025 a 2026, com agendamento individual

Local: Domicílio dos participantes ou sede da UCPel

Gratuito

Contato: (53) 99153-2971


*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


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