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Recuperação da Casa do Trabalhador será debatida no Dia do Patrimônio

Recuperação da Casa do Trabalhador será debatida no Dia do Patrimônio

Certamente a maioria das pessoas que transitam pela rua Santa Cruz, entre Major Cícero e Dr. Cassiano, na região central da cidade de Pelotas, não fazem ideia da história que está por trás de um dos prédios históricos mais importantes para a luta dos trabalhadores do município. A ideia de construção da Casa do Trabalhador remonta ao ano de 1889, quando foi criada a Liga Operária, reunindo diversas categorias de trabalhadores do município, em uma grande Conferência, que deliberou pela unidade como estratégia de organização política.

Ao lembrar deste momento marcante da luta operária, no interior gaúcho, o jornalista e ator, Lori Nelson Nogueira Dias, fez questão de salientar o contexto histórico em que se construiu este espaço de convívio da classe trabalhadora. “O momento em que se constrói esta Casa – e não só esta casa, é importante lembrar – porque são várias, entre Rio Grande e Pelotas, é a época pós-Charqueadas e do início da Primeira República”, salienta.

Dia do Patrimônio na Casa do Trabalhador

Lori, que faz parte da Comissão de Recuperação e Reconstrução Histórica e Cultural da Casa do Trabalhador, será um dos painelistas de uma importante atividade, marcada para o dia 18 de agosto, na Casa do Trabalhador, em que dois temas estarão em evidência, durante a programação do Dia do Patrimônio de Pelotas: “Patrimônio e Resistência” e “Patrimônio e Operariado”.

Em formato de mesa redonda, pela manhã, e roda de conversa, na parte da tarde, a programação promete não só resgatar a memória da Casa, mas, também, mobilizar a sociedade pelotense para a reconstrução e remodernização do espaço, que, hoje, pertence a 11 sindicatos, abrigando seis destas entidades sindicais: o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pelotas (SIMEP), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Turismo e Hospitalidade de Pelotas (Sintraturh), o Sindicato dos Servidores Municipais do Saneamento Básico de Pelotas (SIMSAPEL), o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Estado do Rio Grande do Sul (Sitramico), o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Pelotas e o Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis e Derivados de Petróleo no Estado do Rio Grande do Sul (Sintrapospetro).

Além da participação de Lori, que irá aprofundar a discussão envolvendo patrimônio e classe operária, as atividades do dia 18 de agosto contarão, ainda, com a presença do superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Rafael Passos, para tratar do papel do instituto e das políticas de patrimônio; da docente da UCPel, Daniele Luckow, que abordará o tema “Inventários”; e do docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb/UFPel), Maurício Polidori, responsável por trazer a discussão sobre patrimônio ambiental. A mediação ficará por conta de Ana Oliveira, representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/Núcleo Pelotas). A programação completa está disponível logo abaixo.

O futuro da Casa do Trabalhador

Ao refletir sobre um tempo estimado para que seja concluído o restauro da Casa do Trabalhador, o diretor do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região (SEEBPel), Lucas da Cunha, enfatiza que o momento é de dar um pontapé inicial neste processo, que, conforme ele aponta, deve ser longo. “O nosso desejo era que essa revitalização fosse para ontem, mas, sabendo de todo o processo que envolve um restauro desse porte a gente imagina que tenha uma longa caminhada pela frente”, disse.

A mobilização para dar início ao movimento de reconstrução da Casa do Trabalhador partiu do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pelotas, que, inicialmente, pensava em recuperar apenas o Salão de Eventos, que, hoje, abriga uma série de atividades culturais promovidas fora do eixo comercial, como o já conhecido “Dandô” – Circuito de Música Dércio Marques, que trouxe a Pelotas diversos músicos de diferentes lugares do Brasil.

Em conversa com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Pelotas (Sticap), Lair de Mattos, o presidente do SIMEP, Jorge Reinaldo Barreto, foi provocado a ir atrás dos demais sindicatos que fundaram a Casa, ainda no final da década de 1950, para dar início ao projeto de revitalização do espaço. “Nessa época, tínhamos um total de 14 sindicatos fundadores, mas, hoje, alguns já não existem mais, em função de profissões que acabaram extintas, ficando um total de 11 como responsáveis pela gestão do espaço”, relembra Jorge Barreto.

Momento é de mobilização

Há aproximadamente um mês, já estão ocorrendo reuniões, com a presença de representantes de sete sindicatos, para pensar na melhor forma de se conduzir essa recuperação histórica, o que passou, também, pela eleição de uma nova diretoria da Casa. Seguindo o protocolo, nesta última semana, de forma provisória, foi eleito como presidente o dirigente Sindical, Lair de Mattos.

“Toda essa movimentação e reorganização é um trabalho coletivo, que só se faz possível pela compreensão dos sindicatos que são parceiros, hoje, do projeto. A disposição de trabalhar olhando o coletivo e não o individual é fundamental. Nós conseguimos juntar um grupo de sindicatos que têm suas sedes próprias e que, se não fosse pela sua história e pelo envolvimento social que possuem, talvez não estivessem junto com a gente. É importante ressaltar que só os sindicatos que, hoje, estão sediados na Casa não poderiam fazer isso sozinhos”, salientou Jorge ao evidenciar a importância da solidariedade de classe.

Os sete sindicatos que têm se reunido para levar adiante o projeto de restauro da Casa são: o SEEBPel, o SIMEP, o Sticap, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário de Pelotas, o Sindicato dos Empregados do Comércio de Pelotas (Sinduscon), o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Pelotas (STTRP) e o Sintraturh. A expectativa é que os demais sindicatos se somem nessa iniciativa o mais breve possível.

Confira a Programação do Dia do Patrimônio na Casa do Trabalhador

MESA REDONDA

Patrimônio e Resistência

O papel do IPHAN e das políticas de patrimônio, com Rafael Passos, superintendente do IPHAN/RS;

Inventários, com Daniele Luckow – docente da UCPEL;

Patrimônio Ambiental, com Maurício Polidori, docente da Faurb/UFPel;

Patrimônio e classe operária -1888 a 1937, com o jornalista Lori Nelson Nogueira Dias e mediação de Ana Oliveira, do IAB/Núcleo Pelotas.

Organização: IAB Pelotas

Horário: às 10h

Local: Casa do Trabalhador. Rua Santa Cruz nº 2454

RODA DE CONVERSA

Patrimônio e Operariado

Divulgação da história, do presente e do quê está sendo encaminhado para o futuro da Casa do Trabalhador.

Horário: às 14h

Local: Casa do Trabalhador. Rua Santa Cruz nº 2454

Redação: Eduardo Menezes / SEEB Pelotas e Região


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