De Pelotas à Rússia em um Fusca 68, com muita escuta e humanidade
RádioCom Acadêmico: Simplificando Política leva cidadania e debate público às ruas e redes de Pelotas
Caroline Graeff, cientista política e coordenadora do projeto Simplificando Política da UFPel, foi a convidada de estreia do RádioCom Acadêmico, novo espaço da RádioCom dedicado à divulgação científica local. O Simplificando Política é mais que uma ponte entre universidade e comunidade: ele transforma conceitos acadêmicos complexos em conteúdos acessíveis para o público geral, sobretudo os jovens, que consomem política via redes sociais e vivenciam-na no cotidiano escolar e urbano.
A entrevista, conduzida no programa Contraponto, marcou o início da série que trará, nos programas jornalísticos da RádioCom, projetos de ensino, pesquisa e extensão que dialogam diretamente com as comunidades de Pelotas. Caroline destacou a proposta do Simplificando Política, seus impactos já observados e os novos passos para aprofundar o diálogo entre ciência política e sociedade.
O que motivou o projeto?
O projeto nasceu durante a pandemia, a partir da inquietação do professor Romério Kunrath, que sentiu a necessidade de aproximar os estudantes da comunidade em meio ao distanciamento do ensino remoto. O Simplificando Política surgiu, assim, como uma tentativa de manter vivo o tripé ensino, pesquisa e extensão em um formato digital e acessível.
Com Caroline Graeff assumindo a coordenação da segunda edição, o projeto se reestruturou com foco na democratização do conhecimento político. Segundo ela, “a ideia é ampliar o entendimento sobre cidadania para além do voto, mostrando como a política está presente nas nossas rotinas”. O projeto busca desmistificar temas muitas vezes tidos como distantes ou complexos, trazendo-os para o universo cotidiano dos pelotenses.
Caroline explicou que um dos pilares da iniciativa é mostrar como a política afeta diretamente a vida das pessoas, desde o transporte até a educação pública. “Quando você pega um ônibus para ir ao trabalho, está participando de uma política pública”, exemplificou. O projeto não assume nenhuma posição partidária, focando na disseminação de conceitos e no estímulo à participação cidadã.
Como funciona a estrutura do projeto?
A segunda edição do Simplificando Política se divide em três etapas. A primeira foca em formação interna, com alunos da graduação e pós-graduação discutindo conceitos políticos básicos e produzindo conteúdos para Instagram e Spotify.
Na segunda etapa, são realizadas entrevistas com especialistas sobre temas como gênero, raça, populismo e ideologias. Esses materiais, editados em podcasts curtos e acessíveis, têm como objetivo conectar teoria e realidade.
A terceira etapa, prevista para o segundo semestre, é marcada por ações em escolas públicas. Os estudantes do projeto organizarão eleições fictícias, criando um ambiente de aprendizado político interativo. A proposta é envolver os alunos do ensino médio em atividades que os familiarizem com o sistema eleitoral e a dinâmica dos partidos, movimentos sociais e da justiça eleitoral.
Além disso, o Simplificando Política pretende continuar promovendo mesas-redondas e seminários, como a recente atividade sobre trabalho contemporâneo, que reuniu especialistas da UFPel, FURG e IFSul para debater gênero, classe e raça.
Impactos e desafios da tradução política
A proposta de tornar acessíveis os termos e debates acadêmicos é um dos maiores desafios do projeto. Caroline relatou que, inicialmente, os podcasts continham linguagem mais técnica, mas com o tempo os textos passaram por revisões colaborativas para facilitar a compreensão.
"A gente quer que qualquer pessoa escute e entenda, sem precisar ter um diploma para isso", afirmou. Esse processo de revisão também é um modo de formação para os estudantes envolvidos, que aprendem a traduzir conhecimento especializado para o público geral.
Caroline destacou ainda a importância da participação ativa dos alunos na construção do projeto. Eles não apenas pesquisam e escrevem, mas também organizam entrevistas, fazem edições e mantêm as redes sociais. Essa vivência permite desenvolver habilidades técnicas e também interpessoais.
A colaboração com outros cursos da UFPel, como o de Jornalismo, também é vista como um caminho promissor para aprimorar a comunicação dos conteúdos. “Aprender a fazer podcast é um desafio para quem não é da área da comunicação”, reconheceu Caroline.
Respostas da comunidade e projeção do projeto
O projeto vem recebendo retornos significativos tanto da comunidade quanto de professores da educação básica. Muitos relataram o uso dos podcasts em sala de aula, como recurso didático para tratar de temas políticos com estudantes.
Nas redes sociais, o engajamento também é expressivo. O Instagram do projeto registrou mais de 15 mil visualizações no último mês. Já o Spotify contabiliza ouvintes de diferentes lugares do país. Essa audiência ampla motiva o grupo a continuar investindo em novos formatos e temas.
A escolha dos temas é feita com base em enquetes nas redes, sugestões da audiência e observação das pautas mais discutidas na sociedade. O tema do Supremo Tribunal Federal e sua relação com a política, por exemplo, teve alta demanda e foi tratado em um podcast introdutório sobre os Três Poderes, antes de uma entrevista com especialista da Universidade Federal de Pernambuco.
O Simplificando Política também busca ampliar parcerias com outras instituições, como FURG e IFSul, e está aberto à colaboração com professores e estudantes de outras áreas. A proposta é expandir horizontes sem perder o foco local, valorizando Pelotas e a Universidade Federal.
Serviço
O projeto Simplificando Política é uma iniciativa de extensão da Universidade Federal de Pelotas, coordenada por Caroline Graeff, pós-doutoranda em Ciência Política. Sua missão é descomplicar o debate político e incentivar uma cidadania ativa.
Instagram: https://www.instagram.com/simplificando.politica/
Spotify: Simplificando Política
YouTube: Simplificando Política
RádioCom Acadêmico
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As entrevistas do RádioCom Acadêmico serão veiculadas nos programas jornalísticos Contraponto e Edição da Manhã.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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