A professora Christiane Russomano Freire, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), foi convidada a atuar como consultora estadual na Mostra Nacional de Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional. A participação da docente está diretamente relacionada à sua trajetória acadêmica e à condução de projetos de extensão que envolvem práticas educativas com foco em direitos humanos.

A Mostra será realizada entre os dias 15 e 18 de julho, com atividades em duas unidades prisionais do Rio Grande do Sul: nos dias 15 e 16 na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba e nos dias 17 e 18 na Penitenciária Estadual de Charqueadas 2.

Ferramenta de reflexão

Criada em 2006, a Mostra Nacional de Cinema e Direitos Humanos tem como objetivo ampliar o debate sobre temas sociais por meio da linguagem cinematográfica. Em 2025, pela primeira vez, a iniciativa será realizada diretamente dentro do sistema prisional. Ao todo, serão exibidos 13 curtas-metragens brasileiros que abordam diferentes dimensões dos direitos humanos, com enfoque em questões sociais, históricas e contemporâneas.

Segundo Christiane, o objetivo é criar espaços de escuta e diálogo que reconheçam a dignidade das pessoas privadas de liberdade. Ao final das sessões, os participantes deverão elaborar um relatório baseado nos filmes assistidos e em suas experiências pessoais. A presença nos dois dias de atividades e a entrega do relatório garantem a remição de um dia de pena, conforme previsto na resolução nº 391 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que regulamenta a redução de pena por meio de leitura e práticas educativas.

Leitura e remição de pena

Além da consultoria na Mostra, Christiane também coordena o projeto de extensão “Asas à Leitura”, desenvolvido pela UCPel em parceria com o Instituto Penal de Monitoramento Eletrônico da 5ª Região Penitenciária. A iniciativa, que está em funcionamento há três anos, realiza oficinas mensais com pessoas em regime semiaberto monitoradas eletronicamente. Os participantes leem obras literárias e produzem relatórios reflexivos sobre os textos.

Cada atividade realizada garante a remição de quatro dias de pena, conforme previsto pela legislação. A proposta busca promover não apenas a redução da pena, mas também um processo de transformação pessoal e social por meio do incentivo à leitura. Segundo Christiane, iniciativas como essa contribuem para fortalecer a autoestima e a autoconfiança dos participantes, além de fomentar ambientes institucionais menos violentos e mais respeitosos.

“É possível que com essas práticas criemos espaços acolhedores, espaços que não sejam violentos, que respeitem as pessoas e suas histórias. Com iniciativas como essa, resgatamos a autoconfiança e a autoestima das pessoas. É muito gratificante estar à frente de projetos como esse”, afirmou a professora.

Fonte: Universidade Católica de Pelotas (UCPel)

Imagem: Arquivo/Agência Brasilia