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Jurandir Silva: ‘É a votação mais importante da legislatura’

Jurandir Silva: ‘É a votação mais importante da legislatura’

Em entrevista ao programa Contraponto da RádioCom, o vereador Jurandir Silva (PSOL) celebrou a aprovação de um financiamento histórico para Pelotas: R$ 125 milhões destinados à construção de duas novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). A medida vai dobrar a cobertura de esgoto tratado na cidade, passando de 40% para 80% e beneficiando cerca de 160 mil pessoas. Para o líder do governo na Câmara, a votação representa um marco para a saúde pública, o meio ambiente e a qualidade de vida da população.

Jurandir defendeu com veemência a importância estratégica da medida e apontou o financiamento via PAC como uma conquista que alia impacto social com responsabilidade fiscal. Ao longo da conversa, o vereador detalhou o alcance das obras, comentou os desafios enfrentados na Câmara e projetou os próximos passos rumo aos 100% de cobertura de esgotamento sanitário no município.

Obra histórica e juros baixos: um passo decisivo para Pelotas

Aprovada pela Câmara de Vereadores, a chamada "Mensagem 9" autoriza a Prefeitura a acessar recursos federais do PAC para a construção das duas ETEs. Jurandir explicou que o financiamento será feito com a Caixa Econômica Federal e terá juros de 9% ao ano – muito abaixo dos 21% de um empréstimo anterior aprovado ainda na gestão passada. "Estamos falando de um empréstimo com objetivo claro, para uma obra vital e com condições muito melhores de pagamento", afirmou.

Segundo ele, a nova estrutura vai colocar Pelotas no caminho para cumprir a meta nacional de tratar 90% do esgoto até 2033. Atualmente, apenas 40% do esgoto é tratado no município. "É um salto. Vamos passar de 40% para 80%. Isso é uma revolução para o saneamento básico e para a saúde da população", afirmou o vereador. Ele ressaltou que os maiores beneficiados serão justamente os moradores das regiões com maior vulnerabilidade social.

Jurandir destacou ainda que o Sanep acumulou experiência com a obra da ETE Novo Mundo, finalizada recentemente, o que garante mais segurança técnica e expectativa de um prazo de três anos para entrega das novas unidades. "Não estamos falando de uma obra que vai durar 10 anos. A expectativa é de que, com o aprendizado recente, possamos entregar em três anos ou menos."

Simões Lopes e Engenho: as regiões contempladas com as novas ETEs

O projeto prevê a construção da ETE Simões Lopes, com investimento estimado em R$ 55 milhões, e da ETE Engenho, que deve custar cerca de R$ 70 milhões. A primeira atenderá o bairro Simões Lopes e o Fragata Sul, alcançando mais de 30 mil moradores. Já a segunda abrangerá bairros como Fátima, Navegantes, parte do Centro, Areal e Balsa, beneficiando cerca de 125 mil pessoas.

O vereador explicou que a diferença de custo entre as duas obras – mesmo com número de beneficiados muito maior na ETE Engenho – se deve à necessidade de obras adicionais na região do Simões Lopes, como a implantação de coletores. "Essas obras estruturais são caras e fundamentais para que a ETE possa operar plenamente. Por isso, a diferença de valores", esclareceu.

Jurandir reforçou que a escolha das regiões seguiu critérios técnicos definidos pelo Sanep, considerando a capacidade de tratamento, a densidade populacional e as necessidades de expansão da rede de esgoto. Ele também citou a possibilidade de ampliação da ETE Novo Mundo, que opera com apenas um terço de sua capacidade e pode triplicar sua vazão com obras de menor custo.

Entre dúvidas e adesões: os bastidores da aprovação na Câmara

Aprovado por ampla maioria, o projeto enfrentou resistência de dois vereadores da oposição, Júnior Fox e Marcelo Bagé - ambos do PL. Ambos alegaram preocupação com o endividamento do município. Jurandir rebateu os argumentos explicando que o modelo de financiamento do PAC é vantajoso e baseado em planejamento técnico e financeiro sólido. "É legítimo ter dúvidas, mas tivemos uma discussão rica e com acesso a todas as informações."

Ele afirmou que o diálogo entre o governo e os parlamentares foi fundamental para esclarecer pontos como a taxa de juros, o período de carência, o cronograma de obras e o impacto na saúde financeira do Sanep. "Quando os vereadores têm segurança nas informações, eles conseguem conversar com a população e defender o projeto com tranquilidade."

Jurandir também sublinhou que o trâmite poderia ter sido mais ágil, mas valorizou o processo de convencimento e transparência. "Como ex-vereador de oposição, sei o quanto é importante ter tempo para entender e discutir. O importante é que vencemos mais essa etapa e que a cidade sai ganhando."

Saneamento é saúde, meio ambiente e justiça social

Para o vereador, o avanço no saneamento básico vai além da infraestrutura. Trata-se de uma medida de saúde pública, justiça social e preservação ambiental. "Parte do esgoto que não é tratado vai para o São Gonçalo e para a Lagoa dos Patos. Estamos falando de poluição, de perda da balneabilidade e de impactos na fauna e flora. Isso precisa mudar."

Ele lembrou que bairros sem esgotamento sanitário sofrem com doenças, agravando a desigualdade social. "O saneamento é um divisor de águas na vida das pessoas. Desde a infância, a ausência de tratamento de esgoto compromete a saúde e o desenvolvimento das comunidades."

Jurandir também destacou o papel da educação ambiental e mencionou a falta de integração entre as ações das secretarias. "Temos esforços isolados da SQA, do Sanep, da SMED e da Saúde, mas falta conexão. A educação ambiental precisa ser integrada para dar resultado."

Próximos passos: como alcançar os 100% de cobertura

Mesmo com a duplicação da cobertura, algumas regiões ainda ficarão de fora – como partes do Fragata Norte, que devem ser direcionadas para a ETE Novo Mundo. Jurandir reforçou que há projetos em andamento para atender a cidade inteira, com previsão de ampliações nas ETEs menores e adaptações estruturais.

Ele também explicou que a escolha das áreas contempladas depende de critérios técnicos e de viabilidade de conexão com a rede. "Não é uma escolha política, é uma decisão técnica baseada em mapas, vazão, topografia e densidade populacional."

A expectativa é que, com os novos investimentos e a ampliação das estruturas existentes, Pelotas avance gradualmente até atingir 100% de cobertura de esgoto tratado. "É um objetivo ambicioso, mas possível. E é isso que nosso povo merece."

*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


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