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Festival Sesc de Música abre inscrições para cursos e anuncia bolsas para jovens talentos de todo o país
Música como ponte: Pelotas se prepara para mais uma edição do Festival Internacional Sesc
Em janeiro de 2026, Pelotas voltará a respirar música por todos os cantos da cidade. A 14ª edição do Festival Internacional Sesc de Música já está com inscrições abertas para jovens músicos de todo o país que buscam formação técnica de alto nível e uma vivência única com mestres da música de concerto mundial. Reconhecido como um dos maiores festivais de música erudita da América Latina, o evento oferece uma intensa programação gratuita e bolsas de estudo integrais e parciais para os alunos selecionados.
O diretor do Sesc Pelotas, Luis Fernando Parada, falou ao programa Contraponto sobre as expectativas e preparativos para o Festival, que ocorrerá entre os dias 19 e 30 de janeiro. Com uma proposta pedagógica sólida e intercâmbios internacionais, o evento transforma a cidade em um laboratório artístico e educativo. Segundo Parada, “o Festival é um espaço para quem quer tocar, estudar, se apresentar e crescer musicalmente”.
Formação musical e oportunidades para jovens talentos
O Festival Sesc de Música mantém, desde sua primeira edição, um duplo compromisso: oferecer formação técnica de excelência e garantir acesso a jovens músicos de diferentes contextos. A parte pedagógica do evento inclui aulas em todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica, além de cursos de canto lírico, choro, piano, regência e composição. Os cursos duram duas semanas e são voltados a músicos com nível técnico já avançado.
As inscrições exigem que os candidatos enviem um vídeo de performance e um breve currículo pelo site do Festival. A seleção dos alunos é feita diretamente pelos professores internacionais que ministrarão os cursos — o que, segundo Parada, eleva o grau de exigência e a qualidade das turmas. “Temos cerca de 250 vagas e mais de mil candidatos. A concorrência é de, no mínimo, quatro por vaga”, destaca.
Além disso, o Festival mantém cotas específicas para estudantes da Universidade Federal de Pelotas, valorizando a formação local e incentivando o vínculo entre o evento e as instituições de ensino da cidade. “Queremos que esse conhecimento também permaneça em Pelotas”, reforça Parada.
Intercâmbio global e experiências únicas com mestres da música
Com professores vindos de 13 países, mais uma vez o Festival se destaca como um espaço de intercâmbio cultural e aprendizado profundo. “Recebemos mestres de conservatórios e orquestras renomadas do mundo inteiro. São profissionais que atuam nas grandes salas de concerto internacionais”, explica Parada. A articulação internacional é feita pelo maestro Evandro Matté, diretor artístico do evento desde sua criação.
A comunicação entre professores e alunos, ainda que desafiadora pelas diferentes línguas, ocorre principalmente em inglês — e também por meio da música, considerada por Parada como uma linguagem universal. “É incrível ver a troca que acontece ali. Muitos alunos retornam para suas casas com uma nova visão do que é ser músico.”
O modelo pedagógico do Festival também favorece a prática: os estudantes se apresentam em recitais e concertos ao longo das duas semanas, culminando em um grande espetáculo de encerramento no Largo do Mercado. “A maioria dos festivais não oferece tantas oportunidades de performance. Aqui, o aluno sobe ao palco ao lado de grandes mestres — é uma experiência que não se repete”, afirma o diretor.
Democratização do acesso à cultura e ocupação da cidade
O Festival vai além da formação. Ele ocupa teatros, praças, igrejas e escolas com uma programação gratuita e aberta à comunidade. Desde recitais intimistas até grandes concertos sinfônicos, o evento transforma Pelotas em um território cultural pulsante. “A cidade participa. Os moradores reconhecem o Festival como algo seu, e isso nos motiva ainda mais”, diz Parada.
A cada edição, novas estratégias são pensadas para ampliar o acesso. Em 2026, a organização pretende expandir ainda mais a programação para bairros periféricos e espaços não convencionais. A proposta é garantir que a música de concerto chegue a públicos que tradicionalmente têm menos acesso a esse tipo de manifestação artística.
Segundo Parada, essa democratização cultural é um valor central para o Sesc. “A gente trabalha com a ideia de formação de plateia. As pessoas precisam ter contato com a arte para que ela faça parte da vida delas. É assim que a cultura cumpre seu papel de transformação social.”
Bolsas de estudo: inclusão e investimento no futuro musical
Uma das marcas do Festival Internacional Sesc de Música é o compromisso com a formação acessível e de qualidade. Para isso, são oferecidas bolsas de estudo em duas modalidades: integral e parcial. As bolsas garantem aos jovens músicos acesso a hospedagem, transporte, alimentação e às aulas com professores renomados de todo o mundo — por valores simbólicos ou até mesmo gratuitos.
A bolsa integral, no valor de R$ 500, cobre toda a estadia em hotel durante as duas semanas de evento, além do curso e transporte entre Porto Alegre e Pelotas. Já a bolsa parcial, no valor de R$ 230, inclui o curso completo e o transporte. Em alguns casos, o valor da bolsa parcial pode ser reduzido para R$ 80 — uma condição especial aplicada a candidatos que se enquadram em critérios específicos de vulnerabilidade social.
“A gente avalia o perfil de cada aluno. Quem precisa mais, paga menos. Mas todos precisam ter um nível técnico consistente, porque o Festival exige muito dos participantes”, explica Luis Fernando Parada. A estrutura oferecida pelo Sesc busca valorizar o esforço dos estudantes, garantindo que sua experiência formativa seja digna e transformadora.
Outro diferencial é a reserva de vagas para estudantes da Universidade Federal de Pelotas. A intenção é fortalecer os vínculos com a produção cultural local e contribuir com a formação de jovens músicos da região. “Queremos que esses conhecimentos fiquem aqui, que reverberem na cidade mesmo depois que o Festival termina”, conclui Parada.
Compromisso do Sesc com arte, cidadania e acesso
Com uma agenda cultural diversa, a instituição promove atividades em várias linguagens artísticas, como teatro, dança, literatura e cinema, sempre com o objetivo de formar públicos e fortalecer vínculos comunitários. “O Sesc acredita na cultura como vetor de cidadania e inclusão. E o Festival de Música é o reflexo mais potente disso”, destaca Parada.
A realização do evento depende também de parcerias locais, como universidades, prefeituras, empresas e instituições culturais. Esse trabalho colaborativo permite que o Festival mantenha sua qualidade e amplie seu alcance. “A cultura é construída em rede. E Pelotas tem mostrado muita maturidade nesse sentido”, afirma.
Ao longo de suas 14 edições, o Festival consolidou-se como um patrimônio da cidade. Para Parada, “investir na cultura é investir na autoestima da comunidade. Quando a gente enche o Teatro Guarani de jovens músicos, ouve um concerto ao ar livre no Mercado Público, a gente entende o tamanho desse projeto”.
Serviço – Inscrições abertas para o Festival
Evento: 14º Festival Internacional Sesc de Música
Data: 19 a 30 de janeiro de 2026
Local: Pelotas/RS
Inscrições: até 06/08 pelo site www.sesc-rs.com.br/festival
Público-alvo: Músicos a partir de 14 anos com nível técnico avançado
Cursos oferecidos: Instrumentos de orquestra, canto lírico, piano, composição e choro
Bolsas: Integrais e parciais
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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