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Exposição sobre a Colônia Z3 resgata memórias e saberes no saguão da Prefeituara
Mostra colaborativa pode ser visitada até 14 de agosto e valoriza a cultura da comunidade pesqueira de Pelotas
A história e os saberes tradicionais da Colônia Z3 ganham destaque na exposição “Z3: Entre Redes e Memórias”, que pode ser visitada até o dia 14 de agosto na Sala Frederico Trebbi, no Paço Municipal. A mostra foi aberta nesta segunda-feira (4) e é resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Pelotas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a própria comunidade da Z3.
Concebida por acadêmicos do curso de Museologia da UFPel, a exposição tem curadoria compartilhada com moradores locais e propõe um mergulho sensível na trajetória de um território marcado por resistência, cultura e pertencimento. São peças do cotidiano, animais empalhados típicos da região, edições raras do jornal O Pescador e objetos confeccionados pelas Redeiras da Z3, mulheres que transformam redes inutilizadas em arte e sustento.
Exposição construída com a comunidade
O conteúdo foi organizado a partir de quatro eixos: Origens, Saberes e Fazeres, Tradição e Sociabilidade e Perspectivas de Futuro. Os materiais foram definidos por meio de visitas, escutas e rodas de conversa com os moradores. A exposição também promove oficinas, atividades educativas e registro do acervo em formato digital, garantindo acesso público à memória construída coletivamente.
Durante a abertura, a vice-prefeita Daniela Brizolara destacou o papel da Z3 como símbolo de identidade e resistência em Pelotas.
“A Colônia Z3 é muito mais do que uma comunidade de pescadores: é um território de cultura viva e orgulho de pertencimento. Esta exposição mostra como é possível construir políticas públicas com base na escuta e no diálogo entre poder público, universidade e comunidade”, afirmou.
Imagem: Lorenzo Bonone/RádioCom
Saberes locais no centro do fazer museológico
Os professores Diego Lemos Ribeiro e Daniel Maurício Viana de Souza, orientadores das disciplinas de Expografia do curso de Museologia, ressaltaram a importância de valorizar os saberes ancestrais da comunidade, muitas vezes negligenciados pela academia.
“Esta é a primeira exposição curricular do curso que é construída de forma colaborativa. Não é sobre a Z3, é com a Z3”, afirmou Daniel Souza.
Diego Ribeiro, emocionado, lembrou de sua primeira visita à localidade, guiado por Élio Sabino, um dos representantes da comunidade na cerimônia:
“Conhecer a Z3 foi um encantamento. O olhar do Élio me apresentou aquele território com olhos de maravilhamento”, relatou.
Vozes da Z3
Além de Élio Sabino, também participaram da cerimônia representantes da comunidade da Z3, como o administrador local Antônio Kidoca e a diretora da EMEF Almirante Raphael Brusque, Betânia Balladares, que destacou o caráter coletivo da iniciativa: “Foi com muita troca que se construiu o que temos hoje aqui”. Sabino chamou atenção para a importância dos vínculos comunitários e do conhecimento tradicional: “As pessoas podem te tirar tudo, sugar tudo o que tens, mas jamais vão conseguir tirar a tua sabedoria”, afirmou.
Já a estudante Claudete Guilherme da Rosa, integrante da equipe de montagem da mostra, ressaltou a dimensão subjetiva da exposição: “Não é apenas um objeto que está sendo exposto aqui, é história – e a memória que ele traz é diferente para cada pessoa”. Estiveram presentes ainda a secretária de Governo, Miriam Marroni, os secretários Carmem Vera Roig (Cultura), Danilo Rodrigues (Turismo) e Marielda Medeiros (Mulheres), além de representantes da UFPel e do curso de Museologia.
Serviço
Exposição: “Z3: Entre Redes e Memórias”
Visitação: de segunda a sexta-feira, até 14 de agosto
– Até o dia 13: das 8h30 às 17h
– No dia 14: até o meio-dia
Local: Sala Frederico Trebbi – Paço Municipal (Praça Cel. Pedro Osório, 101)
Atividades paralelas:
– Oficinas com as Redeiras no Mercado Central
– Ações educativas na Escola Almirante Raphael Brusque
– Digitalização e documentação do acervo para acesso público
Fonte: Prefeitura de Pelotas
Imagem: Lorenzo Bonone/RádioCom
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