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Estudantes da UFPel ajudam a mapear avanço de doença em plantações de soja no sul do RS

Estudantes da UFPel ajudam a mapear avanço de doença em plantações de soja no sul do RS

Ação de monitoramento envolve formação universitária e apoio direto à produção agrícola da região


Estudantes do curso de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) têm desempenhado um papel importante no controle da ferrugem asiática, uma das doenças mais agressivas que afetam a cultura da soja em todo o mundo. Por meio de atividades práticas na disciplina “Epidemiologia de Doenças de Plantas”, as coletas em campo e análises laboratoriais realizadas pelas turmas têm contribuído para mapear a incidência do fungo Phakopsora pachyrhizi em lavouras do sul do Rio Grande do Sul.

A doença é considerada uma das principais ameaças à produtividade da soja. Em casos mais severos, pode comprometer mais de 80% da produção se não for identificada e controlada a tempo, conforme explica o professor Julio Barbosa, responsável pela atividade na UFPel.

Avanço da ferrugem e áreas afetadas

Os dados reunidos pelas turmas indicam uma elevação no número de focos da ferrugem asiática nas safras recentes. Em 2023, foram detectados 13 focos da doença, número que se manteve elevado em 2024, com dez registros — índices superiores aos do biênio anterior, segundo o levantamento feito por meio do trabalho de campo dos estudantes.


As folhas coletadas foram analisadas em laboratório para confirmação da presença do fungo. Os resultados integram o banco de dados do Consórcio Antiferrugem, iniciativa coordenada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que monitora nacionalmente a presença da doença.

As coletas foram realizadas em propriedades de nove municípios da região: Pelotas, Capão do Leão, São Lourenço do Sul, Canguçu, Camaquã, Bagé, Santa Vitória do Palmar, Cristal e Dom Pedrito. Esses locais vêm apresentando crescimento no cultivo da soja e, por isso, são estratégicos para a vigilância fitossanitária.

Ciência aplicada à realidade local

Para além do apoio técnico ao setor produtivo, a atividade representa uma oportunidade de formação prática para os estudantes. Segundo Julio Barbosa, o contato direto com a vigilância fitossanitária fortalece a compreensão sobre o manejo integrado de doenças e a relação entre ciência, meio ambiente e produção rural.


“É uma experiência que alia conhecimento científico, responsabilidade social e formação profissional. Estudantes aprendem na prática como funciona a vigilância fitossanitária e a importância do manejo integrado de doenças”, destaca o professor.

Medidas preventivas e desafios no controle

A ferrugem asiática se espalha principalmente com a ajuda do vento, o que permite rápida dispersão dos esporos entre lavouras. Além disso, o fungo sobrevive em “plantas voluntárias” — aquelas que nascem espontaneamente após a colheita, durante o período de entressafra.


Esse comportamento torna essencial a adoção de medidas sanitárias, como o chamado “vazio sanitário da soja” — intervalo de tempo em que o cultivo da planta deve ser totalmente suspenso para interromper o ciclo do fungo. O cumprimento desse período, bem como do calendário oficial de semeadura, é apontado como estratégico para conter o avanço da doença.


As orientações seguem as diretrizes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e também incluem o uso racional de fungicidas. A aplicação indiscriminada desses produtos pode favorecer a resistência do fungo, dificultando ainda mais o controle da ferrugem em safras futuras.



Serviço


Municípios monitorados: Pelotas, Capão do Leão, São Lourenço do Sul, Canguçu, Camaquã, Bagé, Santa Vitória do Palmar, Cristal e Dom Pedrito
Safras analisadas: 2023 (13 focos de ferrugem) e 2024 (10 focos)
Coordenação: Professor Julio Barbosa (UFPel)
Dados encaminhados ao Consórcio Antiferrugem (Embrapa)
Fonte: Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Imagem: Tony Winston/Agência Brasília


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