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Edição da Manhã: Sindicato denuncia terceirização fraudulenta no Santander

Edição da Manhã: Sindicato denuncia terceirização fraudulenta no Santander

A terceirização de atividades bancárias tem avançado de forma preocupante no país, especialmente nas agências do Santander. O que deveria ser uma alternativa legal para serviços específicos tem se tornado, segundo o Sindicato dos Bancários de Pelotas, uma manobra para precarizar relações de trabalho, reduzir direitos e enfraquecer a categoria bancária. A denúncia revela um cenário de retrocesso trabalhista mascarado por números supostamente positivos de geração de empregos.

Durante entrevista ao programa Edição da Manhã, Lucas Fonseca da Cunha, diretor de Comunicação e Cultura do Sindicato dos Bancários de Pelotas, expôs o processo de terceirização promovido pelo banco Santander. Segundo ele, a prática configura fraude trabalhista, driblando direitos conquistados historicamente pela categoria.

A estratégia do Santander

Lucas Cunha explicou que, após a reforma trabalhista de 2017, os bancos intensificaram a terceirização de suas atividades-fim. No caso do Santander, o processo ocorre por meio da criação de empresas com outros CNPJs, como First, Tools e SX, que integram o chamado grupo Santander. "O banco está migrando funcionários do seu CNPJ principal para essas empresas com o único objetivo de reduzir salários e direitos", afirma Cunha.

Esses trabalhadores deixam de ser enquadrados na convenção coletiva da categoria bancária, que assegura benefícios como jornada de seis horas e salários a partir de R$3.800. Com a mudança, passam a receber menos, trabalhar mais e não têm vínculo com o sindicato da categoria. "Trabalha no banco, é bancário. Faz trabalho de bancário, é bancário", resume Cunha.

Redução de direitos e salários

A tática de terceirização também tem impacto direto na remuneração dos trabalhadores. Lucas citou que, enquanto a média salarial dos bancários gira em torno de R$3.800, os terceirizados que atuam no teleatendimento ou cobrança recebem entre R$1.946 e R$2.700. "São pessoas que fazem o mesmo trabalho, mas em condições muito piores."

O Sindicato denuncia que a redução de custos é mascarada pelo aumento de contratações em outras empresas do grupo. Enquanto o CNPJ principal do Santander o fechamento de postos de trabalho entre 2019 e 2023, os dados apontam aumento de funcionários em empresas coligadas e crescimento de 126% nas despesas de pessoal nesses CNPJs alternativos.

Enfraquecimento da organização sindical

Um dos efeitos mais nocivos da terceirização, segundo o sindicato, é o afastamento dos trabalhadores de sua representação sindical. Ao serem contratados por empresas terceirizadas, esses profissionais deixam de ser representados pelo sindicato dos bancários e perdem o acesso ao acordo coletivo específico do Santander. "Isso enfraquece a nossa luta e contribui para o desmonte da categoria", destacou Cunha.

Além disso, as condições impostas incluem jornadas mais longas e ausência de garantias históricas, configurando um modelo que promove o esvaziamento dos direitos trabalhistas. A consequência é um ambiente de trabalho cada vez mais precarizado.

Ações do sindicato e mobilização

Para enfrentar esse cenário, o Sindicato dos Bancários de Pelotas, junto à CONTRAF, está promovendo uma série de ações. Atos públicos, campanhas nas redes sociais e mobilizações nas agências fazem parte da estratégia para conscientizar trabalhadores e clientes.

Lucas ressaltou a importância de seguir o sindicato nas redes sociais (@bancarios.pel) para acompanhar a agenda de lutas. Entre as ações, está a abordagem direta aos funcionários terceirizados das empresas do grupo Santander, como a SX, que possui uma base com quatro mil empregados na região metropolitana de Porto Alegre.

Perspectivas e riscos futuros

O sindicalista alertou para novos modelos de precarização, como a figura do "bancário por aplicativo". Nesse modelo, o trabalhador atua como pessoa jurídica, sem vínculo formal com o banco, perdendo todos os direitos garantidos pela CLT. "É o fim da carteira assinada, é o fim dos direitos mínimos que ainda restam. Precisamos denunciar essa enganação."

Para o sindicato, é essencial reverter os retrocessos impostos pela reforma trabalhista e impedir a consolidação desse modelo de exploração disfarçada de inovação.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



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