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Edição da Manhã: procissão de São Jorge e Ogum Guerreiro reúne fiéis em Pelotas
Na noite de 23 de abril, a cidade de Pelotas será tomada por um forte clima de espiritualidade e devoção com a realização da 4ª Procissão de São Jorge e Ogum Guerreiro. A celebração, que deve reunir fiéis de diferentes comunidades religiosas, percorrerá diversos bairros da cidade e destacará a importância cultural e religiosa do santo guerreiro, tanto para o catolicismo quanto para as religiões de matriz africana.
Durante o programa Edição da Manhã, o coordenador do grupo Amigos da Umbanda da Princesa do Sul, Carlos Alberto Pereira de Yemanjá, compartilhou os detalhes da organização e a simbologia por trás do evento. Ele destacou a união entre diferentes terreiros de Umbanda e Quimbanda da região, que, juntos, promovem essa manifestação de fé e resistência há 14 anos.
Caminho sagrado pelas ruas de Pelotas
A procissão terá início às 20h, com saída da sede do Centro Espírita de Umbanda Caboclo em Aruanda Ilê Africanista de Yemanjá Bossi, localizado na rua Francisco Lima, no bairro Balsa. Acompanhados pelo Corpo de Bombeiros, os fiéis seguirão com a imagem de São Jorge pelas ruas da cidade, passando por pontos simbólicos como a Gruta de Yemanjá, a Gruta das Mães e o monumento de São Jorge em frente ao Porto de Pelotas.
“Em cada casa tem um quadro de São Jorge”, comentou Carlos Alberto, ao destacar o quanto a imagem do santo guerreiro está presente no imaginário e na fé da população. O percurso, além de ser um momento de oração e devoção, será também espaço para agradecimentos e promessas.
União entre terreiros e valorização cultural
O evento é fruto da articulação entre diversos centros religiosos da Umbanda e Quimbanda da Zona Sul. Carlos Alberto explicou que a procissão é organizada pelos Amigos da Umbanda da Princesa do Sul, grupo fundado há 14 anos para resgatar tradições religiosas afro-brasileiras em Pelotas. “É uma reunião de terreiros, cada casa com seus trabalhos, mas todos juntos por uma causa maior”, afirmou.
O monumento de São Jorge, em frente ao Porto, é um marco dessa história. Fruto de esforços da comunidade e da articulação com o poder público, ele foi tombado como patrimônio do município. Carlos Alberto destacou ainda o papel do vereador Paulo Coutinho e de Josué Martins na concretização desse espaço sagrado.
Fé, história e respeito às tradições
A entrevista também trouxe reflexões sobre a história do sincretismo religioso no Brasil. Carlos Alberto explicou que, durante o período da escravidão, os povos africanos incorporaram figuras católicas como forma de preservar seus cultos. “São Jorge é Ogum Guerreiro para nós”, disse. A imagem, que na Igreja Católica representa um santo, e, para a Umbanda, a manifestação do orixá guerreiro Ogum.
“A fé é importantíssima em todos os cultos religiosos”, destacou. Ele reforçou a necessidade de gratidão: “Tem que dar aquela paradinha para agradecer. Eu agradeço a Deus todos os dias por estar vivo”.
Reconhecimento oficial e investimentos
Carlos Alberto comentou ainda sobre a importância do projeto de lei que incluiu a festa de São Jorge no calendário oficial do município, reconhecendo a relevância das religiões de matriz africana. Essa conquista, segundo ele, representa um avanço na luta por respeito e valorização cultural.
Além do tombamento do monumento de São Jorge, a Gruta das Mães também foi reconhecida recentemente como patrimônio. O grupo agora busca recursos para restaurar esses espaços, garantindo sua preservação e funcionalidade. “Tudo isso foi conseguido com esforço coletivo e muita fé”, pontuou.
Um Papa do diálogo e da paz
Em um momento de emoção, Carlos Alberto falou sobre a morte do Papa Francisco, ocorrida recentemente. “Sentimos muito a passagem dele. Ele era o Papa do diálogo, da humildade, da união”, declarou. O líder umbandista afirmou que haverá um minuto de silêncio em homenagem ao Papa antes do início da procissão, como forma de reconhecimento ao seu legado.
“A Igreja Católica é nossa co-irmã”, disse Carlos Alberto, ao destacar a convivência harmoniosa entre as duas religiões em Pelotas. Para ele, o Papa Francisco simbolizava exatamente esse espírito de tolerância, amor e compreensão.
Serviço
Nome do evento: 4ª Procissão de São Jorge e Ogum Guerreiro
Data e horário: 23 de abril, a partir das 20h
Local: Saída da rua Francisco Lima, 219 (bairro Balsa), com chegada ao monumento de São Jorge em frente ao Porto de Pelotas
Descrição: Procissão religiosa que reúne centros de Umbanda e Quimbanda da Zona Sul, com paradas simbólicas e homenagens ao santo guerreiro
Forma de acesso: Evento aberto ao público
Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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