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Edição da Manhã: Leão XIV assume com perfil pastoral: continuidade às reformas de Francisco e ênfase na justiça social

Edição da Manhã: Leão XIV assume com perfil pastoral: continuidade às reformas de Francisco e ênfase na justiça social

A escolha do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo Papa da Igreja Católica tem gerado reflexões sobre os rumos da instituição nos próximos anos. Assumindo o nome de Leão XIV, ele é o segundo pontífice nascido no continente americano e sucede Francisco, mantendo afinidades ideológicas e pastorais. O perfil do novo Papa indica continuidade nas propostas de aproximação com as comunidades e foco nas questões sociais.

Em entrevista ao programa Edição da Manhã, da RádioCom Pelotas, o advogado e professor aposentado da Universidade Católica de Pelotas, Reinaldo Tillmann, analisou as implicações simbólicas e políticas da escolha. A conversa abordou desde o contexto eclesiástico e pastoral do novo Papa até suas prováveis direções à frente da Igreja.

O Papa pastoral: continuidade com Francisco

Para Reinaldo Tillmann, mais importante do que rotular Leão XIV como conservador ou progressista, é entender sua identidade pastoral. "A Igreja é uma instituição historicamente conservadora. O que muda é o tom com que essa instituição se aproxima das pessoas. E Leão XIV é, antes de tudo, um Papa pastoral", explicou.

O novo pontífice tem uma trajetória marcada pela proximidade com o Papa Francisco. Foi responsável pelo Dicastério dos Bispos - uma das funções mais relevantes no Vaticano, que é equivalente a um ministério na estrutura eclesiástica. "Era o ministro de Francisco, portanto, um nome de confiança", afirmou Tillmann.

Esse perfil pastoral significa, segundo ele, uma igreja "em saída", voltada às comunidades, em vez de enclausurada nas estruturas do Vaticano. "Assim como um governo que escuta a população através do orçamento participativo, Leão XIV se propõe a ouvir e caminhar com as pessoas", completou.

Influências de Leão XIII e simbolismo do nome

A escolha do nome Leão XIV também chama a atenção. Para Tillmann, trata-se de uma clara referência a Leão XIII, autor da encíclica Rerum Novarum em 1891, que inaugurou a doutrina social da Igreja. "O nome sinaliza a continuidade de uma Igreja comprometida com as questões sociais e com a justiça", destacou.

Apesar da linguagem mais discreta de Leão XIV, seu passado revela engajamento direto com situações de vulnerabilidade. "Temos imagens dele com botas de borracha, ajudando vítimas de enchentes no Peru. Isso é caridade no sentido mais amplo, é a caridade como a Igreja entende: uma forma de política de transformação social."

Segundo o entrevistado, a aproximação com o pensamento de Leão XIII e Francisco aponta para um papado que deve consolidar reformas e não apenas iniciá-las, como ocorreu com seu antecessor. "Ele tem 69 anos, é jovem para o cargo e pode permanecer por muito tempo. Há espaço para consolidar mudanças profundas", avaliou.

Respostas a um mundo polarizado

Tillmann também comentou a postura de Leão XIV diante de temas contemporâneos. Um dos exemplos mencionados foi a resposta do Papa à declaração do vice-presidente dos Estados Unidos, que sugeriu uma "hierarquia do amor" com a família e a pátria acima dos imigrantes. "O Papa respondeu que o amor não tem hierarquia. Isso é muito simbólico e mostra seu posicionamento humanista."

A entrevista ainda resgatou falas marcantes de Francisco e sua influência sobre o novo pontífice. Ao ser perguntado se haverá retrocessos em temas como a inclusão de pessoas LGBTQIA+, Tillmann foi cauteloso. "Tudo indica que ele será mais diplomático, mais prudente. Mas o caminho iniciado por Francisco deve seguir."

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



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