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'Cuba é exemplo de democracia popular', diz Anita Prestes

'Cuba é exemplo de democracia popular', diz Anita Prestes

Historiadora contrapõe Estado socialista a Estado burguês, critica liberalismo e elogia participação do povo no modelo cubano; veja vídeo na íntegra

No programa 20MINUTOS ENTREVISTA desta sexta-feira (13/08), o jornalista Breno Altman entrevistou a historiadora e filha de Luís Carlos Prestes com Olga Benário, Anita Prestes, sobre a Revolução Cubana.

Segundo a historiadora, “nenhuma democracia é neutra, é socialista ou burguesa”, e, para ela, Cuba é o grande exemplo de democracia socialista e popular da atualidade, com dirigentes eleitos, deputados que estão próximos à base e uma população que, apesar de críticas pontuais, defende fortemente a Revolução.

“Cuba quando se tornou independente da Espanha, convocou assembleia constituinte, elegeu seu Parlamento, promoveu processos muito avançados para a época. Isso ajudou os revolucionários cubanos a criar um sistema de poder popular completamente diferente do que funciona no capitalismo. A eleição é direta a partir da base. Só há um partido porque o povo assim o quis.  Os deputados são voluntários, fazem um trabalho social e não têm privilégios”, citou Prestes.

https://www.youtube.com/watch?v=i9w4lacxk5w

Ela ainda destacou os Comitês de Defesa da Revolução de Cuba, organizações de vigilância coletiva contra tentativas de desestabilização do sistema: “O povo não questiona o socialismo, questiona problemas concretos que existem, basicamente causados pelo bloqueio”.

A historiadora ainda relembrou que não existe fórmula para a construção do socialismo, mas elogiou como Cuba realiza a autocrítica e se atualiza, mesmo com o bloqueio e os ataques sucessivos do imperialismo norte-americano, o "povo cubano é heroico”.

Para ela, se não fossem as sanções dos Estados Unidos, Cuba teria se desenvolvido mais ainda em termos de socialismo e democracia popular: “Enfrentar o bloqueio concentra muitos esforços, a própria questão de desenvolver uma defesa própria, um Exército preparado. Se não houvesse essas ameaças, Cuba poderia ter dedicado mais esforços ao seu sistema, mas, no fundamental, a política funciona e garante os direitos de todo o povo cubano”.

URSS

Prestes comparou a situação de Cuba com a da União Soviética, que serviu de referência para o país latino-americano, e cuja solidariedade foi fundamental para a Revolução e sobrevivência da ilha.

“Foram cometidos erros e até crimes na URSS, isso não pode ser negado. Mas foram feitas muitas obras e tomadas muitas medidas em prol do interesse público. Comparar a URSS ao nazismo é um absurdo. O que acontece é que a URSS foi marcada historicamente por guerras e não tinha a quem recorrer ou pedir ajuda. Cuba teve os soviéticos, os soviéticos não tiveram ninguém”, ponderou.

Além disso, a URSS, em seu momento, também se encontrava isolada, de modo que precisou industrializar o país para garantir sua defesa a nível militar, o que obrigou o governo a forçar o campesinato a trabalhar nas fábricas ou abastecer a população urbana com trigo. 

“Os camponeses rejeitavam, porque não entendiam muitas vezes. Não dava tempo de conscientizar os russos da importância de se coletivizar. Então as brigadas comunistas tiveram que ir ao campo obrigar a população à força, porque era uma questão de vida ou morte do socialismo”, explicou.

Nesse processo, Prestes admitiu que foram cometidos erros, mas enfatizou que o imperialismo se aproveitou desses para distorcê-los e acabar com a URSS, “não foi a falta de democracia que levou ao seu fim, embora a baixa participação popular tenha prejudicado a nação”.

Cuba, nesse sentido, superou a URSS, mas também porque, antes da Revolução, “a ilha era o prostíbulo dos EUA, o que criou um clima de ódio na população contra os EUA, gerando condições muito diferentes”.

Exemplo

É por isso que, para a historiadora, que considera Fidel Castro a maior liderança política da segunda metade do século 20 e do século 21, Cuba deve servir de exemplo para o resto da América Latina.

“Não podemos copiar o modelo, porque cada país, cada revolução vai ter seu próprio caminho, mas existem experiências que podem ser aproveitadas”, reforçou. 

Como exemplo, a historiadora voltou a destacar os Comitês de Defesa da Revolução e o grau de politização da população, muito bem informada até sobre o cenário internacional.

“É por isso que Cuba incomoda os EUA, porque é um exemplo de que é possível construir outro tipo de sociedade. Se as pessoas nos EUA soubessem como funcionam o sistema cubano, iriam querer essa vida, não a que têm, por isso a Revolução é combatida pelo capitalismo”, enfatizou.

Fonte: Opera Mundi


CAMILA ALVARENGA

Madri (Espanha)

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