Mais Recentes :

Contraponto: Secretário detalha ações para enfrentar emergências climáticas

Contraponto: Secretário detalha ações para enfrentar emergências climáticas

A intensificação das chuvas no Rio Grande do Sul e a pressão sobre os mananciais da região Sul têm mobilizado a prefeitura de Pelotas em uma série de ações preventivas. A retomada dos boletins diários com dados atualizados sobre os níveis da Lagoa dos Patos e do canal São Gonçalo é uma das medidas centrais para garantir informação transparente à população e permitir respostas rápidas diante de possíveis inundações.

Durante o programa Contraponto desta segunda-feira, 30 de junho, o secretário municipal da Defesa Civil, Milton Martins, detalhou o conjunto de estratégias que vêm sendo adotadas para proteger áreas vulneráveis da cidade. A entrevista abordou desde o reforço em diques e contenções até o papel crucial da informação pública no enfrentamento das mudanças climáticas.

Preparar a cidade para o novo normal

Segundo Milton Martins, a atual gestão municipal tem priorizado a reorganização da Defesa Civil para preparar Pelotas diante do que ele chama de "novo normal" das emergências climáticas. "Não é para gerar pânico, é para preparar a cidade", afirmou. Ele destacou que, com topografia desfavorável e áreas abaixo do nível do mar, Pelotas precisa de um sistema robusto e moderno de contenção.

Martins lembrou que as grandes enchentes no município tendem a ocorrer entre maio e junho, mas que ainda assim o trabalho preventivo deve ser constante. A Secretaria de Defesa Civil tem contado com o apoio técnico de professores da UFPel, da FURG e do Centro de Pesquisas Meteorológicas (CPMET), que ajudam a refinar os cálculos sobre os impactos das chuvas e ventos na região.

Ele reforçou que o objetivo da prefeitura é criar uma cidade resiliente, preparada para os desafios ambientais. O investimento em estruturas modernas e na qualificação técnica das equipes é essencial para antecipar riscos e reduzir os danos em caso de eventos extremos.

Outro ponto destacado foi a transparência na comunicação. Martins defendeu a importância de boletins claros e objetivos, que informem a população sem alarmismo, mas com seriedade. "A ciência precisa guiar nossas decisões", concluiu.

Boletins diários e dados confiáveis

Os boletins diários, retomados recentemente pela prefeitura, são elaborados com base em monitoramento em quatro pontos principais, incluindo a Lagoa dos Patos e o canal São Gonçalo. As cotas de inundação são de 1,90 metro para a Lagoa e de 3,30 metros para o São Gonçalo. Na manhã de segunda, os níveis estavam em 1,27m e 0,87m, respectivamente.

Para ampliar a segurança da população, a prefeitura realizou uma obra de contenção provisória, elevando com cordões de areia a margem da lagoa, no Laranjal, a uma cota de 2,30 metros. Essa elevação foi feita como margem de erro, acima do limite de inundação, considerando possíveis oscilações nos níveis causadas por vento ou volume de chuvas.

"Mesmo quando o risco ainda é baixo, decidimos trabalhar com uma proteção elevada a 2,30 metros. A ideia é manter uma margem de segurança técnica e tranquilizar a população", explicou o secretário. Essa obra reforça o compromisso da gestão com medidas concretas de prevenção e não substitui o acompanhamento diário dos níveis.

Martins explicou que ventos e chuvas na cabeceira dos rios influenciam diretamente os níveis dos mananciais. O monitoramento é constante, e os dados coletados são compartilhados em tempo real com o apoio de universidades e centros de pesquisa.

Além das medições locais, há planos para realizar um estudo batimétrico abrangente, desde Imbituba até Rio Grande. Esse levantamento visa compreender melhor a dinâmica das águas que circulam entre lagoas, canais e o mar, permitindo planejamento ainda mais preciso.

Obras emergenciais e planos futuros

Diversas frentes de obras emergenciais estão em andamento, como a contenção do canal da Nova Prata e a elevação de trechos próximos ao trapiche, no Laranjal. Essas ações buscam impedir a entrada de água em áreas críticas caso haja elevação anormal nos níveis da lagoa.

Martins também falou sobre projetos em tramitação para obras estruturantes mais amplas. Com recursos previstos do governo federal e estadual, a prefeitura planeja licitações integradas de projeto e execução. "Não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona", disse, ressaltando a necessidade de segurança jurídica para investimentos duradouros.

Entre os pontos mais vulneráveis, o secretário citou a região da barra, onde não há sistema de proteção possível devido à entrada natural do São Gonçalo na Lagoa. Para essas áreas, o foco está em garantir acessos seguros e planos de evacuação.

Outras áreas, como Valverde e Nova Prata, também estão recebendo reforços. Máquinas e materiais estão posicionados estrategicamente para responder rapidamente a qualquer emergência, e novas contenções devem ser instaladas ainda nesta semana.

Engajamento comunitário e responsabilidades compartilhadas

O secretário destacou que a população também tem papel fundamental nas ações de prevenção. Além de evitar o descarte irregular de lixo em canais e valetas, os moradores são incentivados a utilizar os canais oficiais da prefeitura para relatar problemas e colaborar com a manutenção da cidade.

"É importante semear boa informação. Espalhar boatos só atrapalha. Temos que trabalhar juntos, governo e comunidade, para enfrentar esse desafio das mudanças climáticas", afirmou. Ele também mencionou a importância de doações de agasalhos e cobertores diante da onda de frio prevista para os próximos dias.

Martins alertou para o fato de que muitos bairros ainda sofrem com o abandono de décadas, como é o caso do Arco-Íris, Py Crespo e Santa Terezinha. A prefeitura está mapeando mais de 20 pontos críticos onde intervenções serão feitas, algumas com solução imediata e outras que exigem obras maiores.

A Secretaria de Ação Social também está mobilizada com um plano para acolher a população de rua e famílias vulneráveis durante os dias de frio extremo. O engajamento de toda a sociedade é considerado essencial para enfrentar esses desafios com solidariedade e responsabilidade.

Desinformação e o caso do Dique do Valverde

O secretário também esclareceu uma informação falsa que circulou nas redes sociais: a de que o Dique do Valverde teria se rompido. De forma categórica, Milton Martins desmentiu esse boato, explicando que o local está recomposto e em condição segura.

Segundo ele, houve apenas uma pequena depressão em um trecho, já corrigida com o uso de materiais apropriados. "Temos areia à mão, máquinas no local e estamos constantemente monitorando. Não há risco de rompimento. Essa desinformação só causa pânico desnecessário", reforçou.

Martins ainda destacou que o novo projeto de dique será mais rígido quanto ao uso da estrutura, proibindo o trânsito de veículos ou animais sobre ele, o que degrada a proteção. A manutenção será constante para evitar falhas estruturais.

O episódio demonstra como a propagação de fake news pode atrapalhar o trabalho das autoridades e comprometer a segurança coletiva.

Serviço

Defesa Civil de Pelotas

Contato de emergência: (53) 99700-7575 (WhatsApp)

Horário: atendimento 24 horas por dia

Descrição: Canal direto para emergências, denúncias de risco, pedidos de ajuda e informações oficiais

Outras formas de contato: canais oficiais da Prefeitura de Pelotas, incluindo redes sociais e Ouvidoria Municipal

Recomendações: evitar circulação de fake news, acionar os serviços públicos com responsabilidade e seguir orientações de segurança divulgadas nos boletins


*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


0 comentários

Adicionar Comentário

Anunciantes

Envie sua notícia