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Contraponto: Defesa Civil acompanha previsão de ventos e reforça atenção em Pelotas
A previsão de mudança na direção dos ventos nesta quinta-feira, 3 de julho, coloca em alerta técnico a Defesa Civil da região sul. O coronel Marcio Facin, coordenador regional do órgão, explicou que a alteração pode elevar os níveis da Lagoa dos Patos, mesmo sem chuvas locais, afetando áreas ribeirinhas de Pelotas como Laranjal, Colônia Z3 e a Barra.
"Amanhã, final da tarde, é possível que tenhamos uma alteração na direção dos ventos", afirmou Facin. Segundo ele, o vento do quadrante leste costuma empurrar a água da Lagoa em direção à costa. Por isso, a recomendação é que moradores dessas áreas acompanhem os canais oficiais e se mantenham atentos aos alertas emitidos por SMS ou WhatsApp.
A orientação é de cautela, especialmente para quem reside em zonas costumeiramente atingidas por cheias.
Integração regional e atenção redobrada
O cenário climático no sul do estado exige cada vez mais atenção e articulação. Com o aumento das chuvas e a elevação da Lagoa dos Patos, o trabalho preventivo e coordenado tem se tornado essencial para evitar desastres e minimizar impactos nas comunidades ribeirinhas.
Em entrevista ao programa Contraponto da RádioCom, o coronel Marcio Facin, coordenador da Defesa Civil Regional, detalhou as ações em andamento, o reforço no efetivo e a crescente integração com as prefeituras e universidades. Facin também destacou a importância de manter a população informada e preparada para o risco de alagamentos pontuais.
Monitoramento constante e apoio científico
A Defesa Civil tem atuado com base em dados hidrológicos e meteorológicos fornecidos por núcleos de pesquisa da UFPel e da FURG. Essa colaboração permite um monitoramento preciso dos níveis da Lagoa dos Patos, mesmo em dias de sol, devido à chegada das águas provenientes do Vale do Caí e da bacia do Rio Camaquã.
Facin explicou que o trabalho é intensificado quando há previsão de ventos desfavoráveis, o que pode empurrar as águas da Lagoa para áreas vulneráveis. "O nosso maior problema neste momento é a direção e a velocidade dos ventos", alertou. Por isso, a população deve ficar atenta aos alertas da Defesa Civil e evitar o vai e volta desgastante das áreas alagadas.
Além disso, o coronel salientou a importância da escuta ativa às comunidades que já conhecem o comportamento da Lagoa. "Essas pessoas conhecem a Lagoa melhor do que nós, servidores públicos."
Reforço no efetivo e estrutura de resposta
Desde a enchente histórica do ano passado, o poder público tem voltado os olhos com mais atenção às demandas relacionadas às mudanças climáticas. Um dos avanços mais notáveis foi o aumento do efetivo da Defesa Civil Regional, que passou de dois para sete integrantes, com ampliação de viaturas e equipamentos. "Isso é como dizer a um pedreiro que ele pode escolher cinco ajudantes. A qualidade do trabalho melhora muito", comparou Facin.
Com essa nova estrutura, foi possível realizar visitas presenciais a diversas prefeituras da região, como São José do Norte, Tavares, Rio Grande e São Lourenço do Sul, oferecendo apoio direto e discutindo ações emergenciais e preventivas. A atuação articulada permite que as prefeituras sejam apoiadas na elaboração de pedidos de recursos e decretos de emergência.
Facin também ressaltou o investimento em capacitação: além de treinar o novo efetivo, a Defesa Civil estadual promoveu cursos voltados às equipes municipais, ampliando o conhecimento técnico para uso de sistemas e captação de recursos.
Desafios das prefeituras e planos de contingência
Segundo o coordenador, o principal obstáculo enfrentado pelos municípios é a escassez de recursos financeiros. Mesmo com as múltiplas demandas em saúde, educação e infraestrutura, as prefeituras precisam incorporar a Defesa Civil às suas prioridades. "Quando eu olho para os prefeitos, vejo a dificuldade real de quem tem que decidir para onde vai um orçamento cada vez mais apertado. E agora a Defesa Civil entrou como mais uma urgência", afirmou. Para ele, a solução passa por maior integração entre esferas de governo e por uma revisão na distribuição de recursos públicos.
Facin enfatizou a necessidade de planos de contingência padronizados e atualizados, que devem estar acessíveis, e não apenas na memória dos gestores. A meta é inserir todos os planos em um sistema estadual de gerenciamento de riscos, com mapeamentos detalhados das áreas vulneráveis.
Integração com universidades e apoio psicológico
Nos últimos anos, a Defesa Civil tem fortalecido uma ampla rede de cooperação com instituições acadêmicas da região sul, como a UFPel e a FURG. O trabalho conjunto inclui cursos de Meteorologia, Hidrologia, Geologia, Oceanografia e mais recentemente, áreas como Psicologia e Saúde Coletiva. Fóruns mensais promovem trocas de conhecimento e planejamento integrado, reunindo professores, técnicos e agentes da Defesa Civil para pensar soluções mais eficazes e humanizadas.
Um avanço significativo foi a entrada da Psicologia nesse circuito. A percepção do impacto emocional causado por eventos extremos – tanto na população quanto nos próprios profissionais envolvidos na resposta – levou a Defesa Civil a buscar suporte técnico nessa área. "Nós também somos afetados emocionalmente e precisamos aprender a lidar com isso", relatou Facin, lembrando que passou dias sem dormir durante o pior período das enchentes em 2024.
O coronel também destacou que a comunicação com a população precisa ser cada vez mais sensível ao trauma coletivo vivenciado. A parceria com psicólogos visa justamente ajustar a linguagem, prevenir pânicos e acolher as inseguranças da comunidade. "Não se trata apenas de emitir alertas, mas de criar uma rede de apoio sólida que leve em conta o sofrimento de quem vive o risco e de quem atua para protegê-los", concluiu.
Alertas e sistemas de comunicação com a população
Facin reforçou a importância de os cidadãos se cadastrarem nos sistemas de alerta da Defesa Civil, tanto por SMS (enviando o CEP para 40199) quanto pelo WhatsApp (61 2344-6111). Além disso, explicou o funcionamento de um sistema emergencial que permite o envio de alertas sonoros para todos os celulares, mesmo quando estão em modo silencioso.
"É um sistema integrado com a Anatel. Se percebermos risco elevado, o celular vai tocar, mesmo no silencioso", disse. A intenção é garantir que a população esteja sempre informada e preparada para agir com antecedência, reforçando telhados, retirando objetos soltos e evitando áreas de risco.
Serviço
- Sistema de alerta SMS:
Envie uma mensagem com seu CEP para 40199.
- Sistema de alerta por WhatsApp:
Salve o número (61) 2344-6111 e envie uma mensagem para iniciar o cadastro.
Ambos os serviços são gratuitos e fornecem informações oficiais da Defesa Civil sobre eventos climáticos iminentes.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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