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Começa nesta quarta-feira a 2ª edição do Festival Interncional de Cinema Ruídos Queer+
No dia 23 de julho de 2025, Pelotas recebe a segunda edição do Festival Internacional de Cinema Ruídos Queer+ (FIRQ+), que se estende até o dia 25 no CineUFPel.O evento celebra a diversidade, a memória e a insurgência através de uma programação que desafia as gramáticas normativas do cinema, apresentando narrativas que provocam, fabulam, dançam e denunciam.
Com uma abrangência notável, o FIRQ+ recebeu 1.313 filmes inscritos de 98 países e cinco continentes, superando a expectativa inicial de 700 submissões e marcando um crescimento significativo em relação à sua primeira edição, que contou com 220 filmes de 18 países. Destes, 28 obras foram selecionadas e serão exibidas, representando 11 países e mantendo o caráter internacional do evento.
A curadoria do festival, conforme detalhado por Sá de Moraes Pretto, diretora-geral e curadora do evento, foi um processo desafiador, mas recompensador. A equipe plural, que incluiu curadores como Adler Flores, Kowawa Kapokaja Apurinã, Mateus Armas, Rosângela Faschel, além de Eduard Pretto , guiou-se por princípios de descentralização, protagonismo trans e indígena, afrocentramento, espiritualidade dissidente, territorialidade e reinvenção formal. Cada filme selecionado é acompanhado de um argumento curatorial que traduz uma escuta atenta e comprometida com a pluralidade dos olhares dissidentes.
Sessões Temáticas
A programação do FIRQ+ 2025 é dividida em seis sessões temáticas, cada uma com um foco distinto, permitindo ao público uma imersão em diferentes aspectos da experiência LGBTQIAP+:
- Sessão Encantarias Encarnadas (24 de julho, 16h-17h30): Dedicada a filmes que exploram o universo simbólico, místico e espiritual das subjetividades LGBTQIAP+, performados no audiovisual. Inclui títulos como "Redenção" (Brasil), "Lamento da Força Travesti" (Brasil) e "Ebó de Xuxu" (Brasil).
- Sessão Inéditos-Viáveis (24 de julho, 19h-20h30): Apresenta narrativas que desafiam o status quo e expandem o repertório de possibilidades. Dentre os destaques estão "Se Eu Tô Aqui É por Mistério" (Brasil), com elenco de renome, e "Neon" (Brasil), sobre um marco na retificação de nome para pessoas trans.
- Sessão Corpo-Fronteira: Saúde e Luta (24 de julho, 20h30-22h): Discute questões de saúde e resistência dentro da comunidade LGBTQIAP+. Inclui "A Cura dos Corpos" (Brasil), "Poder Falar - Uma Autoficção" (Brasil), sobre a vivência com HIV, e "Travando Lutas" (Brasil), que aborda o acesso à saúde para pessoas trans.
- Sessão Fogueira em Alto Mar (25 de julho, 14h-15h30): Reúne filmes que transitam entre o íntimo e o social, a memória e a fabulação. Destaques incluem "Desesquecer" (Brasil), sobre memória de mulheres negras, e "Mururé" (Brasil), que aborda a experiência não binária na Amazônia.
- Sessão Atos para (Re)Existir (25 de julho, 16h-17h30): Apresenta filmes que são verdadeiros manifestos de resistência. Títulos como "Todo Lo Que Se Transforma" (Argentina), sobre um homem trans grávido, e "Belly Dance Vogue" (Líbano), um manifesto queer em contexto de censura, fazem parte da sessão.
- Sessão Tramas Parentais (25 de julho, 19h-20h40): Aprofunda-se na temática das relações familiares LGBTQIAP+. Com "Mãe" (Brasil), sobre a maternidade trans, e "Son" (Irã), que aborda a identidade de gênero em um contexto conservador.
Lançamento e Premiações
A programação do festival se inicia no dia 23, com uma oficina de produção audiovisual ministrada pelo curador Adler Flores, focada em como a linguagem audiovisual pode ser uma ferramenta de disputa de imaginários. Na mesma noite, ocorre o lançamento do e-book interativo e gratuito "FIRQ+ – Mediação Educativa e Experiência Cinematográfica", um registro abrangente da 1ª edição do festival e material de formação e reflexão sobre o cinema LGBTQIAP+. Este e-book, organizado pela Coletiva Transperformática Ruidosa Alma, conta com artigos e ensaios críticos de especialistas como Kowawa Kapokaja Apurinã e Suze Mota.
As sessões de exibição nos dias 24 e 25 de julho terão mediação da curadoria, promovendo debates e a troca de percepções com o público, um espaço que se mostrou muito valorizado na Mostra Nacional realizada em maio. O ponto alto do festival será na noite do dia 25, com a cerimônia de divulgação dos 11 filmes premiados em diversas categorias, incluindo Melhor Filme do Festival, Melhor Direção, Melhor Atuação, e Melhor Paisagem Sonora.
Participação especial
Uma novidade especial nesta edição é a participação da multiartista Leu Kalunga, que fará apresentações musicais nos dias 23 e 25 de julho, às 19h, no Cine UFPel. Afro-indígena, nordestina e estudante de Música na UFPEL, Leu Kalunga é conhecida por vibrar os palcos do sul com seu forró alegre, R&B com alma e a potência de quem canta brasilidades com resistência e afeto. Sua musicalidade, que transita do forró aos beats suaves, da ancestralidade à invenção, representa a força da voz nordestina no Sul do país. As apresentações são gratuitas e prometem adicionar ainda mais axé à programação do festival.
O Festival Ruídos Queer+ é uma realização da Coletiva Transperformática Ruidosa Alma, com o apoio do Projeto de Extensão Universitária Transpoéticas, da Associação Transbordamos e da Universidade Federal de Pelotas. O financiamento é resultado de uma articulação coletiva e diversa, contando com recursos da Lei Paulo Gustavo (estadual e federal), Instituto Estadual de Cinema, Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, Pro Cultura RS e Ministério da Cultura.
Para Sá Pretto, o festival é um "organismo coletivo, vibrante e resistente", que busca "compartilhar as nossas narrativas sobre diferentes óticas, modos de contar também a experiência", combatendo estereótipos e abrindo espaço para novas representações da comunidade LGBTQIAP+ no Brasil e no mundo. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados antecipadamente pelo Simpla, com o link disponível no Instagram @ruidosqueer.
Serviço
Festival Internacional de Cinema Ruídos Queer+ – 2ª edição
Data: 23 a 25 de julho de 2025Local: Cine UFPel – Rua Lobo da Costa, 447 – Centro, Pelotas/RSEntrada gratuita
Ingressos: www.ruidosqueer.com ou Sympla
Texto de: Redação
Imagem: Divulgação/Ruídos Queer
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