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Com 120 candidaturas pelo País, Quilombo nos Parlamentos visa ‘mudar a fotografia’ da política

Com 120 candidaturas pelo País, Quilombo nos Parlamentos visa ‘mudar a fotografia’ da política

Com o objetivo de difundir o voto antirracista e preencher a lacuna da baixa representatividade no Poder Legislativo, a Coalizão Negra por Direitos lançou a iniciativa Quilombo nos Parlamentos. Ao todo, são 120 candidaturas de homens e mulheres ligadas ao movimento negro e que concorrem a cargos no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas por todo o Brasil.

A iniciativa, suprapartidária, reúne representantes de diversos partidos, como PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede, PDT, UP e PV. São 36 candidaturas para o Congresso Nacional e 84 candidaturas às Assembleias Legislativas e à Câmara do Distrito Federal.

No Rio Grande do Sul, o Quilombo nos Parlamentos apresenta seis candidaturas: três à Assembleia Legislativa, com Laura Sito (PT), Matheus Gomes (PSOL) e Iya Sandrali (PT); e três à Câmara dos Deputados, com Reginete Bispo (PT), Denise Pessôa (PT) e Graziela Oliveira (PSOL).

Advogada e diretora do Instituto de Referência Negra Peregum e integrante da Coalizão Negra por Direitos, Sheila de Carvalho diz que a iniciativa visa mudar a fotografia do poder político do Brasil, com parlamentares comprometidos com agendas atualmente subrepresentadas no debate nacional.

Mais do que candidaturas de pessoas negras, a ideia é eleger candidatos que representem as demandas do movimento negro e que tensionem o tema do racismo estrutural no País.

“São candidaturas que vêm da luta do movimento negro, não são apenas candidatos negros”, explica Sheila.

A advogada acrescenta que o movimento negro tem um projeto paratodos os brasileiros, porém a iniciativa do Quilombo nos Parlamentos quer avançar na agenda antirracista, com um projeto com negros para o Brasil. Por isso, a proposta de “aquilombar” as diversas instâncias do parlamento brasileiro.

“Não se trata de um Brasil para os negros, mas de um projeto com negros para o Brasil. Precisamos de mais lideranças negras para que possamos falar e agir em nosso próprio nome. Mesmo sendo a maioria da população, lutamos por direitos básicos dos quais a população negra é constantemente privada, como direito à vida, à saúde, à educação, à alimentação”, completa.

Segundo o IBGE, 54,1% da população brasileira é composta por negros. Esse percentual, todavia, está sub-representado nos parlamentos e instituições democráticas do Brasil.

Sheila acredita que a nova lei eleitoral, com peso 2 para cada candidato negro eleito no próximo cálculo da distribuição do fundo partidário, fará com que os partidos políticos realmente invistam nestas candidaturas. “Temos atuado para criar políticas para aumentar essa representatividade e garantir com que isso aconteça”, afirma.

A integrante da Coalizão Negra por Direitos faz questão de lembrar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, como marco da luta da população negra para conquistar espaços de poder na política brasileira.

Para Sheila, a morte de Marielle foi um recado de que aquela espaço não pertencia aos negros. A intenção, com a iniciativa Quilombo nos Parlamentos, é mostrar o contrário. “Agora temos que dar o recado pra quem matou Marielle, que esse espaço também é nosso.”

por SUL 21

Foto: Galileu Oldenburg/Agência ALRS

Texto: Luciano Velleda


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