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Campanha #NemPenseEmMeMatar será lançada no Rio Grande do Sul no próximo domingo 25

Campanha #NemPenseEmMeMatar será lançada no Rio Grande do Sul no próximo domingo 25

Organizada pelo Levante Feminista Contra o Feminicídio, campanha está no ar há um mês e já conta com quase 60 mil assinaturas

Tendo como signos um girassol, a cor amarelo-ouro e o rosto de uma mulher negra, a campanha contra o feminicídio chega ao Rio Grande do Sul com o objetivo de nos tirar do vergonhoso pódio dos estados que mais matam mulheres no país, apenas por serem mulheres. Situação agravada pela necessidade de isolamento social imposta pela pandemia de Covid-19 e pela crise econômica que demite antes e mais as mulheres, as confinou justamente no lugar mais perigoso: a casa.

Embora a Secretaria Estadual de Segurança Pública tenha divulgado queda no número de feminicídios comparados apenas com o mês de março de 2020, justamente o primeiro dessa situação de confinamento ao lar, sabemos que aumentou a subnotificação dos feminicídios tentados e de outras violências, porque o número de registros caiu nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) e nas salas lilases dos plantões policiais.

É neste cenário sombrio de ameaça à vida das mulheres em todos os sentidos, com pandemia, crimes de gênero e agravado pela volta da fome e da carestia que o Levante Feminista, coletivo suprapartidário auto-organizado e auto-financiado, lançou, em março passado, a campanha nacional “Nem Pense Em Me Matar” apoiada na ideia de que “quem mata uma mulher mata a humanidade”, que agora se espande regionalmente pelos estados brasileiros.

Reforçando os cuidados com a saúde de todas e todos, repetiremos no Rio Grande do Sul o formato virtual numa live giratória para o lançamento gaúcho da campanha no próximo domingo 25 de abril, das 17h às 18h30, a partir da página do movimento no facebook. O evento contará com a leitura do manifesto, divulgação do hino da campanha, falas de ativistas e apresentações de artistas locais, será ancorado por Malu Viana e Ìyá Sandrali Bueno e contará com a presença da filósofa Márcia Tiburi - uma das idealizadoras do Levante.

O Levante RS se reúne desde o início de março e conta com a construção direta de quase 200 mulheres. São, até agora, 96 organizações e coletivos feministas de todas as regiões do estado comprometidas em fazer a campanha chegar a quem mais precisa. Nas ações espalhadas pelos municípios estão colagem e fixação de cartazes e pintura de muros com os girassóis e slogan em pontos estratégicos como paradas de ônibus, proximidades de mercados, farmácias e unidades de saúde.

A articulação foi iniciada por Vilma Reis, socióloga, referência dos movimentos negros no país, integrante da Coalizão Negra Por Direitos, Marcia Tiburi, filósofa, escritora e artista, e Tania Palma, pesquisadora e assistente social. O Levante, que rapidamente ganhou corpo, se articula remotamente com a participação de mulheres negras, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, das águas, das florestas, antiproibicionistas, parlamentares, dos movimentos LBTQIA+ e de outros segmentos das organizações populares e da sociedade civil.

Em manifesto construído de forma coletiva que circula desde o início de março, a frente pontua de forma contundente que a existência de uma "cultura de ódio" direcionada às mulheres brasileiras precisa chegar ao fim, e que a prática do crime de feminicídio "nunca esteve tão ostensiva e extremista" quanto agora, no governo de Jair Bolsonaro e sobretudo no contexto da pandemia do novo coronavírus.

Entre as denúncias, o Manifesto afirma que "ideias e atitudes misóginas transformaram-se em comportamento aceito e legitimado pela sociedade, contaminando o Executivo, o Legislativo e o Judiciário capaz de sentenças sexistas e de ressuscitar arcaicos argumentos da 'legítima defesa da honra' e da 'passionalidade' como uma espécie de 'mérito' para absolver criminosos. Isso confirma a negligência e inoperância do Estado Brasileiro no enfrentamento à violência contra as mulheres".

Traça também o perfil dos matadores: “são homens que não admitem a autonomia, a igualdade e a liberdade das mulheres. São machistas, violentos que querem a redomesticação e o afastamento das mulheres da vida pública...”; “usam a violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra mulheres e seus filhos até o extremo, que é o ato do feminicídio”.

Um Levante pela vida das mulheres e pelo fim do feminicídio

Marcia Tiburi conta que a ideia de se juntar a outras mulheres contra este crime de ódio surgiu exatamente pela urgência em combater o desamparo e a negligência. "O patriarcado é um juramento de morte contra as mulheres pelos mais diversos motivos, sempre torpes", afirma.

A filósofa espera criar, com suas companheiras, condições para superar a velha cultura feminicida. "Trata-se de uma guerra sangrenta que precisa parar. O que desejamos com a nossa campanha é estancar esse banho de sangue que vem sendo promovido pelo machismo e pela espetacularização da violência que dele faz parte.”

"Nós estamos fazendo um trabalho de base e queremos agregar o maior número de mulheres que pudermos, mesmo aquelas que não se entendem como feministas”, explica Tania Palma. "Estamos falando com religiosas, pescadoras, desempregadas, quilombolas, ribeirinhas", pontua ela, que é também membro do GTFem, da Universidade Federal da Bahia, que realiza a primeira pesquisa sobre casos de feminicídio em Salvador. "Não é preciso ser feminista para querer o fim do feminicídio. A gente tem que compreender politicamente isso”, diz a pesquisadora, acreditando que todas devem ser efetivamente conquistadas para a campanha.

Além de fazer o esforço de base, o Levante se conduz pela pauta feminista que, do ponto de vista das organizadoras, é inegociável. Isso significa combater a política de militarização do governo, que tem liberado o acesso a armas e munições, com objetivo de armar a população – uma plataforma publicizada por Jair Bolsonaro. Além de almejar o fim do feminicídio, o Levante quer fortalecer a democracia.

"Organizamos o levante feminista para conter a matança de mulheres no país. É a nossa forma de discordar dos decretos de armas e de toda essa onda misógina patriarcal que nós estamos vivenciando", contextualiza Vilma Reis. "A gente diz 'nem pense em me matar' e traz a ideia de 'quem mata uma mulher mata a humanidade' para materializar que, sem as mulheres, sem a potência feminista, o Brasil não vai para a frente."

*Fonte: https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro-seguranca-publica/

**Fonte: O Brasil aparece no quinto lugar em uma lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de países com maior número de feminicídios, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e da Rússia.

Levante Feminista Contra o Feminicídio

Campanha #NemPenseEmMeMatar #QuemMataUmaMulherMataAHumanidade

Lançamento da campanha no RS em 25/04/2021

Conheça o manifesto #NemPenseEmMeMatar: http://bit.ly/3vvuIVy

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