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Alexandre Mattos apresenta ações e projeta futuro da Cultura na cidade

Alexandre Mattos apresenta ações e projeta futuro da Cultura na cidade

A cultura de Pelotas vive um momento decisivo. No dia 31 de julho, a população é chamada a participar de uma oitiva pública para decidir o destino de R$ 2,098 milhões do segundo ciclo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). Mais do que distribuir recursos, a atividade pretende traçar rumos para o fortalecimento da arte local, envolver a comunidade e garantir que os investimentos reflitam as reais necessidades dos fazedores de cultura da cidade.

Durante o programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, Alexandre Mattos, diretor de Projetos da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), detalhou o processo de escuta, falou sobre aprendizados do ciclo anterior, apresentou novos planos e reforçou o papel da cultura como motor de desenvolvimento social e econômico.

PNAB 2: oitiva pública e escuta ativa da comunidade

A oitiva está marcada para o dia 31, às 19h, no saguão do Paço Municipal. O local foi escolhido por sua carga simbólica, representando a centralidade da cultura na gestão pública. “Ali do lado do prefeito, da vice, das secretarias de governo. Queremos demonstrar que cultura é prioridade”, afirmou Mattos. A atividade será o ponto de partida para uma construção coletiva sobre a aplicação dos recursos do ciclo 2 da PNAB.

Além da escuta presencial, a Secult lançará um formulário eletrônico com perguntas sobre o perfil socioeconômico dos proponentes, dificuldades de acesso aos editais, áreas de atuação, localização e sugestões para aprimorar as políticas culturais. A medida visa ampliar a participação e obter um diagnóstico detalhado da cena cultural. “É um raio-x para identificar onde estão os gargalos e onde podemos melhorar”, explicou.

A Secretaria chegará à oitiva com uma proposta preliminar, construída com base em debates internos e dados do ciclo anterior. Entre as sugestões, estão o aumento dos subsídios para espaços culturais, o fortalecimento de festivais e mostras e a criação de faixas de fomento mais acessíveis. Mattos destaca: “Queremos ouvir. Temos sugestões, mas nada está fechado. A construção é coletiva”.

O momento será também de prestação de contas das ações realizadas e de apresentação dos planos futuros. A Secult pretende reforçar o papel estratégico da cultura para além da lógica dos editais, ampliando o diálogo com os agentes culturais e consolidando mecanismos de participação e escuta permanentes.

Aprendizados do ciclo 1 e pagamentos do edital PNAB 3

O primeiro ciclo da PNAB em Pelotas foi desafiador. Atrasos, falta de recursos e entraves burocráticos dificultaram o cumprimento de prazos. Ainda assim, os editais 1 e 2 foram executados com sucesso, e a expectativa é concluir o pagamento do edital 3, voltado a pontos e pontões de cultura, até a primeira semana de agosto. “O recurso já está em conta. O prefeito já assinou. Só falta a liberação final. Ninguém vai ficar para trás”, garantiu Mattos.

Essas experiências estão servindo de base para o redesenho do ciclo 2. A ideia é tornar os editais mais inclusivos, claros e eficazes. De acordo com Alexandre, está em estudo tanto a diversificação quanto o aumento dos valores para os subsídios: “A gente está tentando desenhar faixas, por exemplo, de fomento direto com valores que não sejam R$ 20 mil, mas talvez R$ 10 mil, R$ 15 mil, para ter projetos mais enxutos também. E o subsídio, que hoje está em R$ 20 mil, a gente pretende aumentar para R$ 25 mil”. A criação de faixas de fomento intermediárias, para atender projetos de pequeno e médio porte, visa democratizar o acesso aos recursos e estimular iniciativas de base comunitária. Também interessa à Secult o fomento a festivais multilinguagens: “Queremos ampliar o fomento e apoiar festivais que ajudem a reconectar a comunidade artística”, afirmou o diretor.

Outro ponto destacado foi uma melhor comunicação dos critérios de seleção e cronogramas, para que produtores e artistas possam se programar com segurança. Mattos ainda ressaltou a importância da valorização profissional dos artistas. “Conseguimos aumentar em 25% os valores dos projetos. Isso ajuda a melhorar os cachês e valorizar o trabalho artístico de forma mais justa”, explicou. O diretor reiterou que a cultura deve ser reconhecida como trabalho digno, que gera emprego, renda e desenvolvimento local.

Praça CEU vira referência de descentralização e formação cultural

A descentralização das políticas culturais é um eixo estruturante da atuação da Secult. O projeto “Arte por Toda Parte” foi pensado para levar oficinas e apresentações para bairros periféricos e zona rural, ouvindo as demandas locais e criando vínculos com os territórios. “A gente não quer chegar como uma nave que pousa. Queremos construir com as comunidades”, explicou Mattos.

A Praça CEU, no bairro Dunas, é um dos principais exemplos dessa política. O espaço recebeu melhorias em infraestrutura, como instalação de som, luz, projetor e tela, além de reforço na equipe técnica. Atualmente, abriga oficinas de música com a Orquestra dos Sonhos, sessões de cinema e atividades integradas para crianças e famílias.

A proposta é que o espaço se torne um polo de cultura viva, com programações frequentes e diversificadas. A iniciativa já chamou atenção do Ministério da Cultura, que realizará uma visita técnica entre os dias 20 e 22 de agosto. “Imagina um bairro da periferia com programação cultural quase diária. Isso é revolução”, afirmou Mattos.

A experiência da Praça CEU inspira a criação de novos polos culturais em outras regiões da cidade. A ideia é combinar investimento em infraestrutura com ações de formação, circulação e valorização da produção local. Segundo o diretor, “a cultura precisa estar onde as pessoas vivem”.

Secult prepara nova edição do Procultura com foco socioambiental

A Secult já concluiu o texto-base do edital Procultura 2025, que agora segue para análise da Procuradoria-Geral do Município (PGM). Entre as novidades, está a exigência de contrapartidas socioambientais por parte dos proponentes, uma sugestão trazida por integrantes do Conselho Municipal de Cultura. Também será oferecido um cardápio de opções para facilitar o cumprimento dessas obrigações.

O novo edital também propõe ajustes nos critérios de seleção, incentiva a formação de público e prevê faixas diferenciadas de valores, considerando a diversidade de perfis entre artistas, coletivos e produtores culturais. A intenção é garantir mais qualidade e impacto aos projetos apoiados, respeitando a diversidade cultural do município.

Sobre o edital de 2024, que sofreu atrasos, Mattos informou que os pagamentos serão realizados em quatro etapas: agosto, setembro, outubro e novembro. “A promessa é cumprir os prazos e garantir que em 2025 a gente consiga efetuar os pagamentos dentro do calendário”, disse. A prioridade da secretaria é alinhar as etapas administrativas e financeiras com as expectativas dos proponentes.

A intenção é que a edição de 2025 inaugure um novo ciclo de planejamento, em que o cronograma de execução, análise e pagamento seja transparente, público e confiável. “Queremos que os artistas possam planejar sabendo quando terão recursos. Isso é respeito e profissionalismo”, pontuou Mattos.

Lei Cultura Viva Municipal: pronta para ir à Câmara

Uma das pautas estratégicas da Secult é a aprovação da Lei Cultura Viva Municipal. A proposta foi elaborada em conjunto com o GT responsável e o Conselho Municipal de Cultura, e já está sob análise da Secretaria de Governo. A expectativa é que seja encaminhada à Câmara de Vereadores ainda neste semestre.

A legislação dará base legal e institucional às políticas voltadas a pontos e pontões de cultura, garantindo continuidade, capilaridade e reconhecimento institucional. “É uma lei que só fortalece a rede cultural da cidade. Estamos cobrando para que entre logo na pauta de votações”, afirmou Mattos.

A proposta também define critérios de seleção, acompanhamento e repasse dos recursos, com foco em projetos de base comunitária, identitários, educativos e territoriais. “Queremos uma política cultural que seja permanente, participativa e transformadora”, sintetizou o diretor.

A aprovação da lei é vista como passo decisivo para consolidar o compromisso da gestão municipal com a cultura como direito e como política pública estruturante.

Pelotas no Festival de Cinema de Gramado

Pelotas terá destaque especial no Festival de Cinema de Gramado com o  “Pelotas Film Commission”, no dia 18 de agosto. A ação apresentará a cidade como destino de produções audiovisuais. Um novo vídeo institucional será lançado no evento, reforçando o potencial cultural e logístico do município. 

Segundo Mattos, a presença no festival é estratégica: “É um momento importante para mostrar nossos potenciais e atrair produções para cá. Temos vocação audiovisual e queremos fortalecer esse setor”. A participação também abre portas para novos investimentos e parcerias na área do cinema e da cultura digital.

A Secult tem articulado políticas para consolidar Pelotas como cidade do audiovisual, com estímulo à formação, produção, difusão e ocupação de espaços culturais com mostras e cineclubes. “Cinema também é política pública, também é cultura viva”, afirmou o diretor.

A presença no festival também será uma oportunidade de divulgar os avanços da cidade em outras áreas culturais e ampliar a visibilidade nacional da produção local. “Queremos que Pelotas esteja onde se pensa e se faz cultura no Brasil”, concluiu.

Expectativa de reabertura do Sete de Abril em 2026

A reabertura do Teatro Sete de Abril é uma das metas mais simbólicas da atual gestão cultural. Fechado há 15 anos, o espaço passa por reforma estrutural e está em fase de montagem da caixa cênica, a cargo da empresa Cineplast. Simultaneamente, avançam os trabalhos para obtenção do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) e adequações de som, luz, climatização e segurança.

A meta é concluir as obras até o final de 2025 e reabrir o espaço no início de 2026, de preferência durante o Festival Internacional Sesc de Música, previsto para o fim de janeiro. “Já iniciamos conversas com o Sesc. A ideia é que o Sete receba atividades mensais e volte a pulsar com vida cultural e formação de público”, contou Mattos.

Também está em estudo a realização de concurso público para formação de uma equipe técnica permanente, além da criação de um plano de uso e manutenção. A proposta é que o teatro volte a ocupar seu lugar como principal equipamento cultural da cidade, com gestão qualificada e programação contínua.

Mattos relembrou que o fechamento do teatro afetou diretamente a cena artística local, especialmente nas áreas de teatro, dança e artes cênicas. “Temos uma geração inteira que nunca entrou no Sete. Isso precisa mudar. O teatro tem que estar vivo e aberto para a cidade”, concluiu.


Serviço

O que: Oitiva pública do Ciclo 2 da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB)

Quando: 31 de julho (quinta-feira), às 19h

Onde: Saguão do Paço Municipal – Praça Coronel Pedro Osório, 101

Quanto: Entrada gratuita

Quem pode participar: Artistas, coletivos culturais, produtores, educadores, agentes culturais e interessados em geral

Descrição: Encontro para debater e definir, junto à comunidade, a aplicação de R$ 2,098 milhões da PNAB 2 em Pelotas

Inscrição/Contato: Formulário online a ser divulgado nas redes da Secult


*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


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